RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, regional Mato Grosso (SBCP), emitiu nota repudiando a programa ‘Plástica para Todos’. Conforme entidade, o programa é repulsivo por usar pacientes como mercadoria, visando o lucro sem se preocupar com riscos à saúde dos 'clientes'. No último domingo (13), a paciente Daniele Bueno morreu após passar por procedimentos de lipoescultura e mamoplastia no Hospital Militar, em Cuiabá.
“O modelo em tela, travestido de projeto social, promove a mais abjeta e repulsiva atitude perante a boa medicina, que é sua mercantilização, fazendo de pacientes, mero objeto de mercância, ignorando princípios irrenunciáveis em qualquer ato médico, que é a segurança e primorosa relação médico paciente”, diz trecho da nota da SBCP.
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O posicionamento da entidade é uma resposta ao advogado da empresa, que por meio de nota disse que a morte da paciente é a primeira da empresa e ocorreu por causas imprevisíveis.
“A qualidade e a regularidade dos serviços ofertados pela empresa, executados por profissionais habilitados e com registros junto aos Conselhos Regionais de Medicina e à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, são atestadas pelos milhares de procedimentos cirúrgicos já realizados em todo o país, sem que jamais tivesse ocorrido, até então, qualquer evolução de óbito, independentemente de sua causa”, disse o advogado, em nota.
A morte
Daniele morreu após passar por cirurgias de lipoescultura e mamoplastia, no Hospital Militar. Ela sofreu parada cardíaca e foi transferida para o Hospital Sotrauma porque a unidade em que estava não tinha Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O CRM abriu sindicância para investigar as duas unidades.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) afirmou que os médicos responsáveis pelo Plástica para Todos não possuem em seu CRM-MT a especificação de cirurgião plástico. O CRM também afirmou que está colhendo documentos para identificar quem são as pessoas que estavam na equipe responsável pela cirurgia da vítima.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima teria pago R$ 50 para entrar no programa Plástica para Todos e outros R$ 50 para fazer a consulta médica. A mulher teria ingressado no programa por meio de grupos de WhatsApp e Facebook que oferecem cirurgias plásticas com preços bem abaixo do comum.
Leia a nota da SBCP na íntegra:
Nota de esclarecimento Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional Mato Grosso:
Diante da Nota de esclarecimento da empresa/sistema nominado “Plastica para todos”:
Reiteramos nossa consternação com a morte ocorrida.
Porém, infelizmente, o fato mostrou um grave problema há muito combatido e condenado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, as comercializadoras de Cirurgias Plásticas. É fato notório que, com o auxílio dos órgãos fiscalizadores em outros estados, estes projetos foram encerrados.
O modelo em tela, travestido de projeto social, promove a mais abjeta e repulsiva atitude perante a boa medicina, que é sua mercantilização, fazendo de pacientes, mero objeto de mercância, ignorando princípios irrenunciáveis em qualquer ato médico, que é a segurança e primorosa relação médico paciente.
A nota pública ofertada apelativamente pela empresa/sistema, é tão falaciosa quanto inverdades em sua essência.
Causa-nos espécie assistir tamanho engodo, em tal nota pública, quanto o comportamento dos médicos que se prestam a este desserviço a boa medicina.
A SBCP não avaliza, tampouco recomenda que seus membros participem deste modelo de atendimento médico, já vedado reiteradamente pelo Conselho Federal de Medicina, no Código de Ética Médica.
A SBCP promove frequentemente ações humanitárias, em todo Brasil, permitindo acesso da população a cirurgias plásticas, com extremo rigor científico e sobretudo SEGURANÇA.
Ao cabo, entendemos que o Conselho Regional de Medicina é o órgão investido de poderes para a fiscalização e correção do exercício da medicina. A SBCP segue esta esteira, aguardando daquela entidade o imediato rigor na apuração dos fatos dramáticos que ceifaram uma vida, e que aja com o rigor absolutamente necessário, para que novas vidas não sejam interrompidas pelo interesse vil de mercadores da medicina.
Regional Mato Grosso de Cirurgia Plástica
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Eduardo Alvarenga 18/05/2018
Atualmente, todo paciente e visto como Produto. Os médicos consulta seus pacientes mal olhando para o mesmo, pede exames e mais exames, no final diz que não constou nada e pede para retornar em 30, 60 ou 90 dias. Isso é o que ???
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