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Cuiabá, 30 de Junho de 2025
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20 de Dezembro de 2015, 10h:30 - A | A

GERAL / "NOBEL DA EDUCAÇÃO"

Professor da UFMT é o primeiro brasileiro indicado a prêmio internacional

Márcio de Andrade é professor da UFMT do Araguaia e voluntário em escolas públicas, onde mostra aos adolescentes como mudar seu cotidiano através da ciência.

CELLY SILVA
DA REDAÇÃO



O professor Márcio de Andrade Batista, engenheiro químico e doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no campus Araguaia, é o primeiro brasileiro indicado ao Global Teacher Prize, prêmio internacional que prestigia educadores de todo o mundo, e que está em sua terceira edição.

“É o histórico que é avaliado e não um projeto específico. A história do professor e a sua contribuição ao longo da carreira”, explica Márcio.

Milhares de professores de 148 países se inscreveram neste concurso ue é considerado o Nobel de Educação, mas somente 50 finalistas de 29 países concorrem a U$$ 1 milhão de dólares, que será entregue a um deles em março de 2016, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Uma auditora internacional e uma equipe de pesquisadores e jornalistas do mundo todo são responsáveis pela avaliação dos concorrentes, que passam por uma criteriosa e detalhada varredura sobre a experiência profissional. “É o histórico que é avaliado e não um projeto específico. A história do professor e a sua contribuição ao longo da carreira”, explica Márcio.

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Dentre as qualidades buscadas nos melhores professores do mundo, estão: apreço no meio escolar, inovação da prática professoral, contribuição para o debate educacional, encorajamento para outras pessoas, preparação dos alunos para o mundo globalizado, desenvolvimento de iniciativas que promovam o acesso à educação de qualidade e realização de projetos que ultrapassem os limites da sala de aula.

Desde que veio para Mato Grosso para ser professor da UFMT, em 2010, ele orientou duas alunas ganhadoras do Prêmio Fecomércio; outras três participaram do prêmio Jovem Cientista.

 

Referência para jovens cientistas

Todos esses requisitos são encontrados no trabalho desenvolvido por Batista. Ele é um exemplo e uma motivação para seus alunos e faz questão de encaminhá-los para o mesmo percurso brilhante que ele tem traçado. Os projetos desenvolvidos com os alunos são inscritos em diversos outros prêmios para estudantes e tem surtido efeito. Desde que veio para Mato Grosso para ser professor da UFMT, em 2010, ele orientou duas alunas ganhadoras do Prêmio Fecomércio; outras três participaram do prêmio Jovem Cientista.

Dentre as orientandas do ensino médio, Bianca Valeguski de Oliveira, de Juína, se destacou em 2012, quando ficou em terceiro lugar no Jovem Cientista. Na época, ela recebeu o troféu das mãos da presidente Dilma Rousseff, em Brasília, ganhou uma bolsa de estudos e hoje em dia faz faculdade de Medicina em São Paulo. Tudo isso graças a um projeto que transformava a castanha de baru, um matéria-prima barata, em uma série de produtos de alto valor agregado.

Divulgação

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A ex-orientanda de ensino médio do professor, a juinense Bianca Valeguski, recebeu o prêmio Jovem Cientista das mãos da presidente Dilma Rousseff, em 2012. Hoje, ela cursa Medicina em São Paulo.

O desejo de oferecer uma aula diferente para alunos de escolas públicas partiu de algumas visitas que fez no interior do estado, onde percebeu a falta de incentivo à ciência nas salas de aula. O projeto é oferecido como uma atividade extracurricular para os alunos, que não são obrigados a participar, mas os poucos que se interessam demonstram total empolgação. “Depois do trabalho da Bianca eu percebi que existia essa lacuna, que existia espaço pra se fazer isso. A experiência foi boa, foi legal e eu passei a procurar mais escolas”, conta.

Mais do que deixar a aula mais prática do que teórica, o objetivo do professor é mudar a realidade onde as pessoas estão inseridas e construir uma relação entre a escola e a comunidade. Os projetos são desenvolvidos com poucos orientandos pela falta de recursos e também para prezar pela excelência. Depois de colhidos os resultados da pesquisa, tudo é compartilhado com os demais alunos da escola, que pensam até mesmo em agregar os alimentos produzidos na merenda escolar. “Todos abraçam a ideia e essas ações transformam a vida das pessoas”.

“Está mais difícil explicar que eu não cobrei nada, do que explicar os trabalhos que eu fiz! Essas pessoas que criticam deveriam se perguntar em que elas podem ajudar".

O amor pela Ciência e a vontade de usá-la como fator de transformação social são as forças que movem o dedicado professor. Mesmo assim, ele ainda sofre com críticas de pessoas que dizem que ele está apenas querendo se promover e duvidam de seu voluntariado. “Está mais difícil explicar que eu não cobrei nada, do que explicar os trabalhos que eu fiz! Essas pessoas que criticam deveriam se perguntar em que elas podem ajudar. Não existe nenhum tipo de remuneração extra por parte da universidade ou da escola de ensino médio. Tudo a gente que compra!”, desabafa.

Segundo Márcio, “o professor universitário realmente orienta alunos de pesquisa, mas na graduação. Não existe a obrigatoriedade de fazer isso no ensino médio. Eu fiz porque eu quis, porque eu acho importante começar na escola de base”.

 

Acostumado a ganhar

Batista tem o costume de compartilhar seus estudos e criações por meio de competições. Ele sempre inscreve seus trabalhos e já obteve êxito em quatro outras premiações. Em 2006, ganhou o Prêmio Santander de Empreendedorismo, na categoria Indústria. Em 2007, venceu o Werner Von Siemens de Inovação Tecnológica e em 2009, levou o Reconhecimento 3M – Consumidor Consciente. No mês passado, foi o ganhador do Prêmio Novelis de Sustentabilidade, na modalidade empreendedorismo, categoria inovação sustentável, subcategoria transporte automotivo. Na oportunidade, ele apresentou o projeto “i-Energy Sun Bikes”, que estudou o uso do alumínio no desenvolvimento de um suporte de carregador de energia solar para bicicletas.

Planos

Se ganhar o prêmio de U$$ 1 milhão de dólares, Batista tem a ideia de ampliar o trabalho e montar um projeto de iniciação científica júnior itinerante e percorrer as cidades mais longínquas do Centro –Oeste e Norte brasileiro. Para ele, o trabalho que desenvolve voluntariamente no ensino médio não prejudica em nada seus compromissos na universidade. Pelo contrário, tem rendido excelentes resultados. “Não são coisas excludentes. É até bom porque aproxima o ensino médio, as escolinhas de periferia da realidade que a universidade produz”, avalia.

Mas o grande vencedor do título de melhor professor do mundo só será revelado em março de 2016 e Batista pensa na possibilidade de ir ao evento em Dubai. “Eu estou com expectativa, mas eu ainda não ganhei, só fui um dos indicados. Tem muita gente boa disputando”. Por enquanto, ele vai inscrever as alunas dos projetos mais recentes, que transformam soro de leite de vaca em pão e sorvete, no prêmio Jovem Cientista deste ano.

Para o professor, os frutos que tem colhido juntamente com seus alunos mostram que Mato Grosso pode avançar no campo da Ciência. Ele dá como exemplo a conquista de Bianca no Jovem Cientista, que existe há 26 anos e só agora um mato-grossense conseguiu vencê-lo. “Isso prova que o nosso estado está produzindo muita coisa boa. Dá pra fazer bastante coisa com um pouquinho mais de vontade. Dinheiro ajuda, abre caminhos, mas não é o essencial, não é divisor de águas. O divisor de águas é a vontade!”, pontua. 

Álbum de fotos

Márcio de Andrade

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Reprodução

Márcio de Andrade

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Márcio de Andrade

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