KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
Por determinação judicial, 33 crianças que haviam sido escaladas para entrar na Arena Pantanal, neste domingo (10), de mãos dadas com os jogadores do Cruzeiro e Corinthians, foram impedidas de realizar esse sonho infantil e ficaram frustradas.
Lucas Leite, de 6 anos, foi um dos que mais sofreu. Depois de saber que estava proibido de entrar em campo, chorou até o final do primeiro tempo. Só depois disso começou a se acalmar, como conta a mãe dele, Luciana Leite, 26, que é corintiana, como o filho.
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"Tinha criança chorando para todo lado, mas o meu foi o que deu mais trabalho. Como é muito pequeno e não tem noção direito das coisas, quando viu os jogadores entrando sem ele, aí que ele chorou mais ainda”.
Ela explica que o menino passou a semana toda na expectativa de entrar em campo e que a família fez gastos para tal. “Compramos uniforme completo, chuteiras, e avisamos à família que ele ia entrar de mãos dadas com um ídolo do futebol, mas, quando chegamos à Arena, às 13h30, horário que a organização do jogo havia pedido, ficamos sabendo que não ia dar mais. Foi um transtorno. Tinha criança chorando para todo lado, mas o meu foi o que deu mais trabalho. Como é muito pequeno e não tem noção direito das coisas, quando viu os jogadores entrando sem ele, aí que ele chorou mais ainda”, relata.
Mariana, de 7 anos, e Marco Antônio, de 9, também ficaram tristes, mas conseguiram lidar melhor com a frustração. É a avaliação que a mãe deles faz um dia após o episódio na Arena.
A juíza teria sido clara ao determinar que a documentação delas deveria ser protocolada até 4 de maio.
“Durante a semana a gente levou documentos exigidos e assinei o termo de cessão de imagem, tudo isso dentro do prazo, organizamos os uniformes e fizemos nossa parte. Chegaram a nos oferecer das crianças entrarem no próximo jogo, do Vasco, mas meus filhos são corintianos, como eu”, descarta a contadora Jaqueline Gonçalves, de 33 anos.
A decisão é da juíza Patrícia Ceni, do Juizado Especial do Torcedor de Mato Grosso. Ela se reuniu com antecedência com a direção da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), para tratar sobre várias questões relativas ao futebol, como a venda de bebidas alcoólicas no estádio e também a entrada das crianças, que são protegidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Nessa reunião prévia, a juíza teria sido clara ao determinar que a documentação delas deveria ser protocolada até 4 de maio.
As informações da Arena Pantanal são de que, a pedido do Corinthians, mais 10 crianças da escolinha Chute Inicial foram inclusas e atrasaram com a documentação. O protocolo que tinha prazo até o dia 4, na verdade foi feito no dia 6 de maio. A juíza não aceitou. O RepórterMT tentou falar com a direção da escolinha, deixou recado, mas, até o fechamento da matéria, não teve retorno.

Lucas Emanuel, de uniforme completo. Registro feito em casa, antes do jogo
A Federação não questionou a decisão judicial e admite que errou, a pedido do Corinthians.
Outro problema que a juíza viu foi que foram credenciadas 22 crianças do Corinthians e somente 9 do Cruzeiro, o que contraria regras da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A Confederação determina a entrada de duas crianças para cada jogador titular.
"No sábado gastamos quase R$ 300 reais comprando o uniforme, chuteira, meião. Só me avisaram que a juíza não tinha autorizado às 13 horas".
A FMF reconhece que essa tradição das crianças entrarem junto com os jogadores em campo é uma forma de estimular futuros torcedores.
O jornalista Pablo Rodrigo, pai de Lucas Emanuel, de 5 anos, avalia que a juíza poderia ter flexibilizado porque, na opinião dele, com frustação infantil não se brinca.
Pablo explica que não sabia do prazo determinado pela juíza e que entregou os documentos dia 6. “Depois de fazer isso, confirmei para meu filho e ele que ficou feliz. No sábado gastamos quase R$ 300 reais comprando o uniforme, chuteira, meião. Só me avisaram que a juíza não tinha autorizado às 13 horas, pouco antes da disputa. Não contei para ele porque disseram que estavam tentando resolver, mas faltando meia hora para começar o jogo, contamos. Ele ficou chateado, como qualquer pessoa ficaria. Acredito que a juíza podia flexibilizar, até porque a frustração que as crianças tiveram é pior do que qualquer outra coisa".
DANO EMOCIONAL
Para a psicóloga infantil, Waleska Waetge Mendes, a frustação que essas crianças tiveram emocionalmente pode desencadear um trauma para o resto da vida e fazer até que eles se desinterenssem pelo futebol, que para essa geração é algo muito importante, já que os jogadores são ídolos-heróis para eles. “Caso isso não ocorra, o trauma pode ser ainda pior, a criança poderá levar esse trauma para o resto da vida. Irá se tornar uma pessoa que não arrisca mais, deixando de ter expectativa com as coisas, temendo uma nova frustração devido o trauma sofrido na infância” explicou a psicóloga.
Igor 21/05/2015
Com certeza, com frustração infantil não se brinca!! Que os diga os milhões de crianças que passam fome na África!! A Federação e os Clubes de futebol têm que aprender a lidar com suas responsabilidades! E quanto às crianças frustradas, (na grande maioria mimadas) um novo playstation ou xbox 1 resolve a questão!! Apoio a decisão, o Poder Judiciário tem que ser respeitado. Ordens devem ser cumpridas, e que me desculpem os adeptos ao "jeitinho brasileiro"!
Antônio 11/05/2015
No mínimo infeliz essa decisão. A Juíza puniu exclusivamente aqueles que ela deveria defender, ou seja, as crianças. Se fosse o caso, que punisse a Federação ou o time responsável pelo atraso. Um absurdo!!
francinaldo 11/05/2015
Exma Sra. Juíza, por gentileza levante-se de sua confortável poltrona e com coragem dirija há qualquer escola pública ou particular, vai ver a educação e o comportamento dos alunos, meninos e meninas, vc terá grandes preocupações e trabalho por lá, com certeza.
Gustavo 11/05/2015
Essas mães deveriam fazer um barraco lá isso sim. chamar a imprensa na hora p mostrar as crianças chorando. Queria ver se não iam entrar com os jogadores e se não com certeza eles iriam se comover e mandar levar todos eles p vestiário.
Lia Lemos 11/05/2015
Com frustração infantil não se brinca. O pai disse tudo!!!
5 comentários