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Cuiabá, 02 de Agosto de 2025
02 de Agosto de 2025

09 de Junho de 2017, 16h:40 - A | A

GERAL / RADARES EM CUIABÁ

Ex-secretário admite que houve erros e prejuízo; 'o sistema era novo'

Thiago França era responsável pela Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá no período em que foi detectado pagamento pelo serviço de fiscalização sem que equipamentos estivessem funcionando.

DA REDAÇÃO



Diante da divulgação da auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que constatou que a Prefeitura de Cuiabá pagou pelo serviço de fiscalização eletrônica de trânsito, mesmo quando os equipamentos estavam sem funcionar, em 2016, o que onerou os cofres públicos em cerca de R$ 42,6 mil, o secretário de Mobilidade Urbana da Capital, Antenor Figueiredo apontou que pode ter ocorrido uma falha na gestão passada e anunciou que uma comissão fará uma auditoria no contrato com a empresa Serget. O parazo é de 10 dias.

"Os erros foram cometidos por ser um sistema novo, que precisava de adapatação e de pessoas capacitadas para operar. Tanto que o TCE faz recomendações para aperfeiçoar a fiscalização, que agora devem ser tomadas pelo prefeito Emanuel Pinheiro e sua equipe", definiu.

Antenor foi secretário da pasta responsável na gestão passada, mas no período da irregularidade apontada ele já não respondia mais pela Semob, sendo Thiago França o então secretário. O entrou em contato com o ex-secretário, que disse não iria rebater Antenor, mas comentou que acompanhou a auditoria feita pelo TCE e que ficou satisfeito com o resultado.

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"O relatório é bem extenso. Tem mais de 300 páginas e aponta que não houve qualquer dolo por parte do gestor. Os erros foram cometidos por ser um sistema novo, que precisava de adapatação e de pessoas capacitadas para operar. Tanto que o TCE faz recomendações para aperfeiçoar a fiscalização, que agora devem ser tomadas pelo prefeito Emanuel Pinheiro e sua equipe", definiu.

A auditoria 

O trabalho foi feito entre janeiro a agosto de 2016, por fiscais da 5ª Secretaria de Controle Externo (Secex) do TCE e apontou que os valores foram pagos indevidamente à Serget Construções e Serviços de Trânsito Ltda, do Consórcio CMT – Cuiabá Monitoramento de Trânsito, responsável pelo fornecimento, instalação, manutenção, operação e apoio para todos os equipamentos eletrônicos instalados na Capital.

O secretário da 5ª Secex, Francisney Liberato, diz que o processo com a defesa da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) já foi remetido ao Ministério Público de Contas (MPC) e na sequência será julgado pelo Tribunal Pleno do TCE.

O contrato entre a Semob, o Fundo Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (FMTTUR) e a empresa prestadora de serviço, começou a ser auditado em 2016 após denúncia de uma suposta 'indústria da multa' na Capital. O contrato tem duração de 48 meses e o valor previsto é de R$ 39,8 milhões.

O TCE aponta que este é o contrato de maior relevância da Semob em termos de custo, além disso, é a principal fonte de receita do FMTTUR. Até agosto de 2016, dos R$ 27,2 milhões arrecadados, R$ 17,1 foram provenientes de multas de fiscalização eletrônica, o equivalente a 70,62% da receita do Fundo. No período em que foi feita a auditoria, foram pagos para a empresa Serget quase R$ 5 milhões.

Outras irregularidades

A auditoria foi realizada por amostragem e apenas nos equipamentos responsáveis por gerar as multas eletrônicas de trânsito, como lombadas eletrônicas, radares fixos e os semáforos que registram velocidade e avanço dos veículos no sinal luminoso. O objetivo foi verificar se a execução do contrato estava sendo acompanhada pelo Executivo. Após nova denúncia, o escopo da auditoria foi ampliado e passaram a serem analisados também os serviços prestados pela Junta Administrativa de Recursos de Infração (Jari).

De acordo com os autos, tanto nos deferimentos quanto nos indeferimentos dos recursos, entre 2014 e 2016, não há um relatório das razões que levaram àquela decisão, e nem identificação de quem analisou o processo.

Outras irregularidades graves encontradas foram a falta de distribuição alternada dos recursos entre os membros da Jari, demanda reprimida de recursos e não observação da ordem cronológica para julgamento das defesas das autuações.

Consta dos autos que muitas vezes os recursos eram agrupados por placa e entregues a determinado membro para atuar como relator, o que na avaliação dos auditores pode resultar em pessoalidade na hora de decidir.

Quanto à demanda reprimida, o TCE aponta que o problema é que a Semob possui apenas uma Jari, o que causa o acúmulo de recursos pendentes de análise, totalizando cerca de 18 mil, sendo que deste total, 4,7 mil são de 2015 e 13,2 mil são de 2016, o que impede o cumprimento do que prevê o CTB, que estabelece prazo de 30 dias para a Jari julgar recursos interpostos.

Sobre a ordem cronológica, os recursos analisados em menos de 10 dias, oito foram deferidos, sendo que quatro eram de um membro da Jari e quatro de um ex-vereador por Cuiabá, de vários mandatos. Inclusive um dos recursos foi julgado no mesmo dia em que deu entrada. Entre os recursos analisados em prazo inferior a 30 dias, tanto em 2015 quanto em 2016, sete são de um ex-secretário municipal e foram todos deferidos.

"Isso pode gerar descrédito ao sistema de autuações de trânsito de Cuiabá, em face de não observar o princípio da impessoalidade, princípio norteador da administração pública, previsto na Constituição da República", descreve trecho do relatório.

 

 

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