DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTER MT
A delegada Ana Cristina Feldner encaminhou, na última segunda-feira (25), uma solicitação para que a ex-senadora cassada e juíza aposentada, Selma Arruda, e os delegados Gustavo Garcia e Fausto Freitas, sejam investigados pela Polícia Civil por supostos crimes cometidos no âmbito do esquema de escutas telefônicas ilegais, que ficou conhecido como Grampolândia Pantaneira, em Mato Grosso.
Feldner comanda a Força-Tarefa que cuida das investigações dos grampos ilegais. O despacho assinado pela delegada foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-MT), Polícia Civil e Ministério Público Estadual (MPMT).
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De acordo com o documento, no que diz respeito a Selma Arruda, foram apontados fortes indícios de crimes de falsidade ideológica, falso testemunho e improbidade administrativa, cometidos entre os anos de 2016 e 2018, enquanto ainda comandava a Sétima Vara Criminal de Cuiabá.
A ex-magistrada é acusada de ter se beneficiado de servidores cedidos pelo Governo do Estado para atuar em seu gabinete, com autorização do ex-secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, também envolvido no esquema.
Selma afirmou que os servidores foram cedidos por meio de um convênio, entretanto, não apresentou nenhum documento que comprovasse a versão.
Além disso, de acordo com a denúncia, Selma teria encaminhado informações solicitadas pelo desembargador Orlando Perri ao então governador Pedro Taques. Na ocasião, a magistrada afirmou que fez isso por entender que a delegada Alana Cardoso estaria ligada ao ex-secretário de segurança, promotor de Justiça Mauro Zaque.
Em relação ao delegado Gustavo Garcia, foram apontados crimes de improbidade administrativa, prevaricação, desaparecimento de documentos, falsidade ideológica e falso testemunho. Também cita obstrução de Justiça, por supostamente ter transferido, de forma aleatória e informal, uma policial para a sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), onde estavam sendo conduzidas as investigações dos grampos ilegais, com intuito de espionar. Também aponta o crime de falso testemunho contra Gustavo, por supostamente ter mentido em depoimento.
Já em relação ao delegado Fausto Freitas, Feldner aponta os crimes de usurpação de função pública, juntamente com Jarbas, por investigar a vida de um promotor de Justiça; bem como o crime de obstrução de Justiça, por supostamente influenciar delegados de polícia para não assumir a investigação sobre as escutas.
"Necessário investigar de forma mais profunda se o delegado Fausto agiu dolosamente em beneficiar Rogers Jarbas, quando foi preso, ou se aderiu à Orcrim (organização criminosa) ou mesmo se teria agido movido pela gratidão que nutria ao investigado, para a concreta tipificação da conduta de não retornar a tornozeleira eletrônica (prevaricação, obstrução de justiça e ou integrante de Orcrim), além de eventuais atos de improbidade", diz trecho de despacho.