RAFAEL DE SOUSA
DA REPORTAGEM
Após 12 horas de julgamento, João Arcanjo Ribeiro depõe perante o Júri Popular da 1° Vara Criminal, no Fórum de Cuiabá, e nega que tenha encomendado os assassinatos dos empresários Fauze Rachid Jaudy Filho e Rivelino Jacques Brunini, além de uma tentativa de homicídio contra o pintor Gisleno Fernandes – o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro está sendo julgado, nesta quinta-feira (10), na Primeira Vara Criminal do Fórum de Cuiabá, sob o comando da juíza Mônica Catarina Perry Siqueira.
O advogado de Arcanjo, Paulo Fabrinny, tenta convencer os jurados que a acusação não tem prova da participação do ex-comendador neste crime e que isso será determinante para a juíza Mônica Perri, que conduz o julgamento, absolver o réu.
A defesa começou explicando que a imprensa mato-grossense tornou Arcanjo em um mito que se criou durante os 12 anos em que está preso, de “que ele fez e aconteceu e mandou isso, aquilo e aquilo outro” pediu para que o ex-bicheiro contasse sua história aos jurados, a fim de mostrar “quem realmente é João Ribeiro”.
Arcanjo distribuía cestas básicas a policiais. “Eu tinha vários gerentes para fazer a lista das cestas básicas. Eu doava e não tinha problemas com isso”, conta o ex-bicheiro.
“Eu era policial civil e a noite fazia segurança em um balneário. Comprei um táxi em 74 e fui trabalhando”, conta o ex-bicheiro que hoje tem hotéis nos Estados Unidos e em várias cidades do estado de Mato Grosso.
Em outro questionamento, o advogado fala em injustiça e pergunta ao seu cliente: “o senhor tem processo por extorsão? Tem alguma ação por cárcere privado? Então cadê essas pessoas que disseram que foram extorquidas pelo senhor?", questiona o advogado. Todas as perguntas foram negadas pelo ex-comendador.
Em outro momento Fabrinny pergunta a Arcanjo se já o imputaram culpa em outros crimes que não havia cometido. “Já sim, senhor. Disseram que eu tinha matado o Edmundo [primo do ex-governador Dante de Oliveira] e também o sobrinho do Gilmar Mendes [ministro Supremo Tribunal Federal], mas descobriram, não sei como, que não era eu”, afirmou.
Outro destaque é que Arcanjo distribuía cestas básicas a policiais. “Eu tinha vários gerentes para fazer a lista das cestas básicas. Eu doava e não tinha problemas com isso”, conta o ex-bicheiro.
“Uma pessoa em sã consciência jamais vai assumir uma coisa que não fez”, rebateu Arcanjo, após pergunta do promotor Vinicius Gahyva.
Arcanjo negou todos os crimes, ao Ministério Público, principalmente que tenha participado dos negócios de Rivelino Brunini e sargento Jesus e o envolvimento com as mortes e tentativa. “Uma pessoa em sã consciência jamais vai assumir uma coisa que não fez”, rebateu Arcanjo, após pergunta do promotor Vinicius Gahyva.
Ele confessou que se reuniu com Rivelino e outros integrantes da Mundial Games, mas segundo o ‘ex-comendador’ foi devido a um pedido da víttima, que tinha perdido o contrato com os bicheiros do Rio de Janeiro por causa de desvio de dinheiro. Rivelino teria pedido que Arcanjo intercedesse por ele junto ao grupo carioca, porém o ex-bicheiro disse que não aceitou, negando as acusações.
A juíza Mônica Perri encerrou a fase de depoimentos que retorna nesta sexta-feira (11), às 8 horas.