VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT
Um gato foi brutalmente espancado e teve a mandíbula quebrada no condomínio Morada do Parque, no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. O crime foi denunciado por moradores que cuidam de animais comunitários da região.
Segundo os cuidadores, o animal foi encontrado no dia 5 deste mês, gravemente ferido, com sinais de espancamento. O felino foi socorrido por uma veterinária.
Ao RepórterMT, o condomínio negou que o animal tenha sido espancado e alegou que a principal suspeita é que ele tenha se envolvido em uma briga com um cachorro na rua.
Os denunciantes relatam que uma decisão judicial proferida em novembro do ano passado obrigou o condomínio a garantir alimentação, água, higiene e cuidados básicos aos animais comunitários, por meio de um tutor de animais comunitários, seja morador voluntário ou funcionário do próprio residencial. No entanto, segundo alguns moradores, há gatos desnutridos, sem água limpa e isolados no condomínio.
Além disso, outros protetores estariam sendo impedidos de contribuir com a alimentação dos animais. Ainda segundo moradores, os casos ocorrem em meio a registros de furtos de comedouros, envenenamento e de outros moradores incentivando a “sumir com os gatos” em grupos de WhatsApp.
“A situação revela um cenário vergonhoso: um condomínio de alto padrão convivendo com atos que lembram a época em que a vida animal era descartável”, disse o protetor de animais, Marlon Figueiredo.
Moradores denunciaram ainda que os pontos de alimentação destinados aos animais comunitários são constantemente trocados no condomínio, atrapalhando a manutenção dos cuidados.
De acordo com Marlon, um dos cuidadores que mora no Morada do Parque entrou na Justiça e pediu a nomeação de um perito veterinário para realizar vistorias regulares, laudos fotográficos, registros sanitários e para que o condomínio seja obrigado a apresentar relatórios mensais comprovando cada medida de cuidado tomada.
Marlon Figueiredo informou também que a Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) já abriu um inquérito para investigar o caso de maus-tratos.
Versão do condomínio
O condomínio Morada do Parque alega que aguarda o laudo da Dema para comprovar que o gato não foi vítima de espancamento e que possivelmente foi atacado por um cachorro.
Segundo a administração do local, o animal foi atendido e o condomínio arcou com todas as despesas de internação, cirurgia e remédios.
"Esse laudo é pra comprovar que não tem maus-tratos, pois eles são bem cuidados e inclusive a veterinária que atendeu o gatinho disse que possivelmente foi briga com um cachorro, pois ele é livre e sai do condomínio", informou ao RepórterMT.
Outro caso
No último dia 17, outro caso de maus-tratos a animais em condomínio fechado foi registrado em Cuiabá. Conforme já informado pelo RepórterMT, o gato de estimação do médico Laerte Basso Júnior foi encontrado morto, vítima de envenenamento. O caso aconteceu dentro do condomínio Alphaville 2, que já soma outros episódios semelhantes nos últimos dois meses.
De acordo com a Lei Estadual 12.391 de 2024, animais comunitários são aqueles que não possuem proprietário definido e único, mas estabelecem vínculo de afeto e dependência com membros da população local onde vivem. A esses animais, a lei resguarda o direito a abrigo e cuidados em áreas públicas e em condomínios residenciais fechados.
Sem ordem judicial, eles não podem ser retirados do local onde se abrigam, e é proibida a obstrução do fornecimento de alimentos, água e demais cuidados essenciais ao bem-estar dos animais comunitários.
Veja vídeo:
Veja o antes e o depois do gato ferido:
