ALINE FRANCISCO
DA REDAÇÃO
A obra de implantação do novo Pronto-Socorro de Cuiabá vai começar a ser executada somente em 2015. A meta da Prefeitura da Capital é que toda a parte burocrática, como aprovação do projeto e licitação da obra, seja concluída até dezembro de 2014.
O projeto está sendo elaborado pela empresa Globo Engenharia e Arquitetura, de Salvador (BA), e deve ser entregue à Prefeitura até o dia 30 de junho, quando vence os 100 dias estabelecidos no contrato. Assim que entregue e aprovado o projeto, inicia a fase de licitação.
A empresa Globo Engenharia foi contratada por R$750 mil, e foi firmado na modalidade de inexigibilidade de licitação por notória especialização, e escolhido pelo critério de menor preço entre vários orçamentos apresentados.
Os recursos para a construção do hospital foram garantidos em acordo informal com o ministro de Saúde, José Padilha, durante visita a Cuiabá em 2013, e a divisão do montante a ser empreendido reserva a maior parte para o governo federal (70%), seguido do governo estadual (20%). A prefeitura deve arcar com os outros 10%.
O novo Pronto-Socorro será edificado ao lado do Centro de Eventos do Pantanal, no bairro Jardim Mariana, próximo da Avenida Miguel Sutil, e o terreno onde está previsto ser construída a obra, está em disputa judicial com uma família que afirma ser proprietária da área. Mas, de acordo com a Prefeitura o terreno pertence ao município, a família em questão não consegue sustentar a afirmação. A Procuradoria Municipal garante que não há problema.
A OBRA
A unidade de saúde disponibilizará aproximadamente 300 leitos à população, entre Urgência/Emergência, Internação, UTI e ala Semi-intensiva. A área total disponível, no bairro Ribeirão do Lipa, é de sete hectares, sendo que o hospital terá aproximadamente 20 mil metros quadrados de área construída.
CASOS NO PRONTO-SOCORRO
A reportagem do Fantástico, do último domingo (25), mostrou um estudo publicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que examinou a qualidade do atendimento em 116 hospitais públicos, os mais procurados pela população em todo o país.
Em Cuiabá, os repórteres encontraram diversas irregularidades no Pronto-Socorro. Falta de medicamentos e falta de médicos dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Um médico que preferiu não se identificar faz uma revelação assustadora. A UTI chega a funcionar sem médicos.
“São vários plantões em que não há médico na UTI. É como estar num avião sem piloto”, disse.
A Prefeitura de Cuiabá chegou a negar a acusação, mas o Fantástico teve acesso a oito comunicados internos, dos últimos três meses, avisando a direção do hospital sobre períodos em que a UTI ficou sem médico algum.
“Não foram nem um, nem dois casos de pacientes que poderiam ter saídos vivos das UTIs do pronto-socorro e não saíram. Saíram mortos. Porque eles não tiveram o cuidado adequado. Isso acontece frequentemente”, conta.
O médico diz que recebe orientações do hospital para mentir sobre a hora da morte do paciente.
“A família vai chegar na hora da visita, o Sr. diz que morreu um pouquinho mais tarde pra família não desconfiar que morreu num plantão sem médico'. Eu não mudo o horário do óbito porque isso ultrapassaria a minha capacidade de ser conivente com essa situação dentro do pronto-socorro”, confessa.
Após a reprodução da reportagem, o Prefeito Mauro Mendes determinou a instauração de uma sindicância para apurar denúncias veiculadas no Fantástico acerca de suposta falta de médicos na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, bem como a acusação de “orientação superior” para que os médicos lotados na unidade alterassem as declarações de óbito de pacientes fatais.
A sindicância vai apurar também as circunstâncias do óbito da paciente de Acorizal, região metropolitana de Cuiabá, Alaíde Ventura da Silva, 62, ocorrido no último dia 22 de maio. A comissão terá três dias para apresentar suas conclusões ao prefeito.