APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O paciente de 24 anos que ficou cego após sofrer uma intoxicação causada pelo metanol alegou às autoridades sanitárias de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, local em que o caso ocorreu, que teria ingerido um uísque sem procedência durante uma confraternização com amigos na região do Parque do Lago no último dia 12.
Conforme apurado pelo , a Vigilância Sanitária do município ainda não conseguiu localizar o amigo da vítima, que foi quem comprou a bebida. O objetivo é que ele indique a origem do uísque e ajude as autoridades a identificarem o local onde o produto foi falsificado, de modo a responsabilizar os culpados.
De acordo com as informações repassadas pelas autoridades, a vítima começou a apresentar os primeiros sintomas no dia 13 de outubro, um dia após a ingestão da substância, mas ele só procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na última quinta-feira (16). Na ocasião, o jovem relatou estar com visão turva, confusão mental, dor abdominal, sonolência, lentidão e vômitos.
Imediatamente, o caso foi tratado como suspeita de intoxicação por metanol. Na ocasião, o paciente foi hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da UPA Ipase e, posteriormente, transferido para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
LEIA MAIS - Mato Grosso confirma primeiro caso de intoxicação por metanol; paciente ficou cego
A Vigilância Epidemiológica do município realizou a coleta de sangue do rapaz para análise laboratorial. Nesta quarta-feira (22), o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Mato Grosso (CIEVS-MT) confirmou a intoxicação.
Apesar de não correr risco de morte, o jovem apresentou lesão ocular irreversível, com inflamação do nervo óptico, que causou cegueira, uma das complicações mais graves decorrentes do consumo da substância.
Metanol: ameaça à saúde pública
O metanol é utilizado na indústria como solvente, combustível ou componente de produtos de limpeza. Mesmo em pequenas quantidades, sua ingestão pode causar danos neurológicos, hepáticos e visuais severos, podendo evoluir para cegueira permanente ou óbito.
Ele é comumente usado para adulterar combustíveis e identificado como um produto químico, motivo pelo qual não pode ser adicionado a nenhum tipo de bebida. Devido ao risco que a substância pode representar à saúde pública, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estabeleceu uma regulamentação rígida, que determina o registro obrigatório para a movimentação e o armazenamento do produto.
Conforme a Vigilância Sanitária de Várzea Grande, bebidas com preço muito abaixo do mercado, sem rótulo registrado no Ministério da Agricultura ou sem lacre de fábrica, podem conter metanol ou demais substância que oferecem risco à saúde.
“É fundamental que a população compre apenas em estabelecimentos regularizados. A Vigilância Sanitária vai reforçar ações, juntamente com a Polícia Civil e a Guarda Municipal, para tentar impedir a comercialização e a fabricação desses produtos sem origem”, frisou o superintendente em Vigilância Sanitária, Carlos Valladares.
Até segunda-feira (20), o Ministério da Saúde havia registrado 47 casos confirmados de intoxicação por metanol em quatro estados. Além disso, 57 casos estavam sob investigação.
O número de óbitos registrados até então era de nove vítimas. Outras sete mortes estão sendo investigadas.
A próxima atualização nos registros do Ministério da Saúde acontece nesta quarta (22).