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Cuiabá, 06 de Dezembro de 2024
06 de Dezembro de 2024

18 de Outubro de 2013, 18h:07 - A | A

CIDADES / DIA DO MÉDICO

Estudantes se dividem sobre desejo de atuar no Sistema Único de Saúde de Mato Grosso

Data é comemorada nesta sexta-feira (18). Sindimed-MT é contrário à Empresa Cuiabana de Saúde.

VINÍCIUS LEMOS



Em meio ao programa do Governo Federal “Mais Médicos” e a criação da Empresa Cuiabana de Saúde da Prefeitura de Cuiabá, é comemorado nesta sexta-feira (18) o Dia do Médico. Descontente com os rumos do Sistema Único de Saúde (SUS), a categoria realizou uma paralisação na data comemorativa para reivindicar melhorias na estrutura das policlínicas e no Pronto-Socorro da Cuiabá. Por conta dos diversos problemas apresentados no SUS, é cada vez maior o número de estudantes de medicina que planejam exercer a profissão somente em instituições particulares. Há, porém, aqueles que acreditam que trabalhar na saúde pública é fundamental para a profissão.

Estudante do sexto ano de medicina da Universidade de Cuiabá (Unic), Luana Taques, 25 anos, revelou ter se apaixonado pela profissão por conta do pai, que também é médico. “O reconhecimento dos pacientes sempre me encantou”, disse a jovem, que está fazendo estágio no Hospital Geral Universitário (HGU) e sofre com a precariedade da saúde pública. “Eu fico chateada quando vejo os pacientes tendo que chegar muito cedo para serem atendidos. A espera pela consulta demora muito e os recursos são bem escassos”.

Foi por meio do estágio que a universitária, que pretende se especializar em oftalmologia, resolveu trabalhar somente em hospitais particulares. “Na minha turma, a maioria dos colegas com os quais converso, não vão trabalhar em hospital público. O SUS não nos dá segurança, é desgastante e muitas vezes o salário atrasa”, lamenta. Com relação ao programa “Mais Médicos”, ela afirmou ser um grande erro do governo. “Estão tentando consertar a Saúde de forma errada. Não precisamos de mais médicos, precisamos de melhores qualidades no trabalho e mais estrutura”, declarou.

NA CONTRAMÃO

A vontade de ajudar o próximo motivou o universitário Domingos Jácomo Neto, 24 anos, a cursar medicina. Estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o jovem está no quinto ano da faculdade e pretende exercer a profissão na rede pública de saúde. "Não escolhi a medicina para ficar preso em uma sala com ar condicionado, mas para ajudar as pessoas. Serei mais útil em uma comunidade, não em um consultório", disse. Apesar de acreditar que o SUS é precário, Jácomo avaliou que pode fazer a diferença. "A maneira como o Sistema Único de Saúde foi idealizado, em 1988, é muito boa. Porém, ficou tudo somente no papel", afirmou.

O fato de estudar em uma instituição pública também é um dos fatores que motiva o jovem a desejar atender pelo SUS. Eu estudo em uma universidade federal. É como se atender na saúde pública fosse uma retribuição pelos investimentos da população nos meus estudos. Grande parte dos meus colegas da UFMT possuem a mesma ideia e pretendem atender, sim, pelo SUS", relatou o rapaz, que ainda não definiu em qual área da medicina se especializará.

PARALISAÇÃO E PROTESTOS

Em decorrência do Dia do Médico, a classe realizou paralisação nos serviços da rede pública nesta sexta-feira (18), permanecendo em atividade apenas a urgência e emergência. Pela manhã, foi realizada uma assembleia com o grupo para debater sobre o recém-aprovado projeto Empresa Cuiabana de Saúde, que teria a finalidade de auxiliar nos projetos de saúde da prefeitura e auxiliar no envio de recursos por parte do Ministério da Saúde, retirando o acúmulo de funções sobre a pasta.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed/MT), Elza Queiroz, o projeto Empresa Cuiabana de Saúde é uma tentativa de privatizar a saúde pública. “O prefeito está querendo tornar privado o SUS. Somos contra esse projeto”, afirmou.

Sobre o indicativo de greve, Queiroz afirmou que a possibilidade não foi descartada. "A possibilidade de uma greve seria debatida nesta sexta-feira (18), mas nós fomos pegos de surpresa pelo projeto do Mauro Mendes e acabamos não debatendo o indicativo", relatou a líder sindicalista, que informou que uma nova assembleia será marcada futuramente para que a categoria discuta sobre o tema.

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