Com a proximidade do Natal, as cidades ganham vida com a exaltação do nosso criador. Com a vinda de mais um ano novo, renovam-se as esperanças de dias melhores.
É com esse espírito natalino que escrevo esta modesta mensagem, aberta, sincera, ao governador eleito Mauro Mendes, longe das intrigas palacianas. Um manuscrito transparente e republicano. É, acima de tudo, uma reflexão sobre o que Sua Excelência enfrentará a partir de 2019.
Eleito democraticamente pelo povo mato-grossense para governar o Estado de Mato Grosso, a partir do próximo ano, o novo governador é sabedor das dificuldades que enfrentará nas diversas áreas administrativas. Uma delas é a questão da saúde e da mobilidade urbana. Mas, o que tem a ver saúde com o transporte? É aí que reside o problema!
Para a maioria dos governantes, resolver o problema da saúde pública é construir mais hospitais e prontos-socorros. Ou seja, partindo dessa premissa, quanto mais pessoas doentes é melhor.
Mas, ao contrário senhor governador, temos que pensar grande. Evitar que as pessoas fiquem doentes. E o saneamento básico, com água de alta qualidade e esgoto tratado 100% é um imperativo. Além disso, a mobilidade urbana sobre trilhos – ecologicamente correta - tem que ser prioridade porque é o ar que respiramos.
O que temos hoje é um quadro caótico de saneamento básico em nossa capital, a podridão está esparramada por todos os lados, inclusive dentro do belíssimo parque Mãe Bonifácia. O esgoto desliza pelos córregos, muitos deles na porta das casas na periferia da nossa capital, contribuindo para a proliferação dos mosquitos e das doenças. E para onde vai esse esgoto “in natura”? Diretamente para o Rio Cuiabá e o pantanal mato-grossense.
Da mesma forma, a mobilidade de transporte na capital beira o caos. Ônibus poluentes, veículos cada vez em maior quantidade causando congestionamentos, stress, demora para chegar ao trabalho e na escola. O dióxido de carbono emitido por esses veículos é o ar que respiramos. É uma morte silenciosa que enche os hospitais.
Entre as vantagens do VLT estão a diminuição da poluição sonora, a pontualidade (com poucas paradas o trem trafega mais facilmente), integração com outros meios de transporte, o conforto interno e a baixa ou nenhuma emissão de CO2 e poluentes.
Diversos cidades europeias conseguiram minimizar seus problemas de transporte público utilizando o VLT, como Budapeste, Viena, Bratislava, Dresden, Praga e Berlin; na França, 18 cidades já utilizam o modelo; Nos Estados Unidos, diversas cidades; Barcelona, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Dublin, Istambul, Melbourne, Rotterdam e Tenerife também já utilizam a tecnologia como solução para a mobilidade urbana. Em todo o mundo, trafegam cerca de mil veículos leves sobre trilhos.
No resto do mundo, especialmente nos países com baixos níveis de corrupção, sabe-se que sistemas de VLT são geralmente mais baratos e rápidos de construir que os tradicionais trens suburbanos ou metrôs. Infelizmente não foi o que aconteceu em Cuiabá. É hora de parar de punir a população, dando seguimento ao VLT e passar a punir os verdadeiros culpados pelos desvios, caso existam.
Cuiabá merece por toda a sua rica história, acumulada em 300 anos, a conclusão dessa importante obra. O VLT é um avanço por tudo que representa: rapidez, conforto, segurança e ambientalmente correto.
Governador, a esperança que a sociedade deposita em sua gestão é grande. Queremos vê-lo corresponder a essas expectativas.
VICENTE VUOLO é economistra e cientista político.