Pesquisa revela preferências dos homens na cama

Marie Claire

Mitos e verdades sobre relacionamento homem-mulher, na hora H.

MARIE CLAIRE

Meninas, dia desses fui sabatinado por uma amiga. Ela tinha transado com um sujeito na noite anterior. Era a primeira vez do casal. E a amiga queria saber se tinha feito as coisas certas, se isso ou aquilo que ele fez e não fez era sinal disso e daquilo. Enfim, por baixo de uma grande insegurança curiosa a minha amiga guardava aquilo que todos levamos por dentro: o medo de ser desaprovado.

Ah, moças, vocês conhecem o sentimento: não ter certeza de que a noite foi mesmo sensacional. Se mexemos direito, se beijamos direito, se nosso ritmo na cama foi o certo, se o outro curtiu.

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Semana passada eu promovi aqui a primeira parte de uma pesquisa que tratava da visão masculina sobre o sexo. Prometi voltar ao tema. Os sete dias que correram desde que postei o último texto trouxeram algumas surpresas: em privado, por e-mail, recebi dúvidas e comentários.

+Fale com ele: Pesquisa revela verdades e mentiras do homem na hora do sexo. Parte 1 – Preliminares, frequência, gemidos

Essencialmente, espremendo, o tom foi de acusação. Como se houvesse uma guerra surda e sem gemidos entre mulheres e homens. E querem saber? Eu suspirei. Suspirei meio triste. Que tempos mais belicosos, moças! Estamos fazendo um amor chinfrim e uma guerra sanguinolenta e virtual.

E tudo porque temos medo. Vivemos sempre sob a suspeita de que somos fraldes. E somos criados para querer ser o melhor naquilo que fazemos. Quem entre nós assume diante do espelho que pra algumas pessoas fomos uma transa terrivelmente ruim? Ao mesmo tempo, todo mundo que já teve uma noite perfeito de sexo com outra pessoa no fundo no fundo duvida um pouco da noite ou guarda o medo de jamais repeti-la.

Enfim.

Somos estranhos.

Mas, percebam: que ótimo que somos todos estranhos! Porque por trás desse sentimento de derrota e desajuste dorme a maior das vitórias. Sim, sim. Quando a gente aceita que somos todos uns novatos sexuais e amorosos, isso mais do que nos derrubar nos põe de pé e em pé de igualdade. Ganhamos uma humildade linda e necessária: a noção de que todo mundo é um trapalhão navegando numa canoa furada.

Pois saibam, meninas: o grande problema sexual do nosso tempo é a mentira. O segundo grande problema é que não sabemos mais como desfazer o primeiro grande problemas. Somo reféns de uma ficção sensual em que a perfeição está sobre qualquer lençol, menos o nosso.

+Fale com ele: Quando a gente se dá bem em tudo menos no sexo, tem jeito? É normal eu gostar muito de sexo frenético?

Portanto, hoje é dia de desamarrar alguns mitos. Se eu conseguir que você saia deste post com a certeza de que o sexo é tudo, menos certeza, olha que beleza, olha que sucesso! Anotem: homens mentem, mulheres mentem, no fim a gente só quer agradar e o outro está sempre por cima. Entender isso é ser mais feliz, menos tenso.

Entender isso é a chave para transar bem.  Na cama, não ser o melhor, não ser o pior; mas às vezes ser o melhor e outras vezes ser o pior.

Eis aí uma boa meta.

O resto é ruído e loroto. Como veremos na pesquisa abaixo:

O SEXO ORAL

Moças, segundo a pesquisa, 86% dos homens dizem que praticam numa boa o sexo oral em vocês. Esse número aí, vocês sabem e eu sei, é uma lindíssima balela. Diria que o patamar correto chega perto de 50%. Sim, vocês sabem: homens em geral são desajeitados e analfabetos no sexo oral. E digo mais: digo que muito macho tem o mais profundo terror diante do uso da língua.

Os motivos disso são muitos: um nojinho bocó, um machismo tosco, uma vergonha besta. Mas, essencialmente, um dos grande pavores do homem que cai de boca na botija é a ignorância no mais amplo dos sentidos: a maioria dos caras não sabe o que faz. Eles não entendem se tem que usar a pontinha da língua, se pode usar o nariz, se é pra lamber ou beijar, se pode morder de leve, se deve focar mais na parte de cima ou no meio; não entende se pode roçar com a barca e se vale usar o dedo penetrante junto. Enfim, ele só sabe que nada sabe e que com cada moça funciona de um jeito. Mas a imagem do homem sábio, experiente,  cabeludo e sensual que ele vê no espelho o impede muitas vezes de fazer o básico: perguntar como você gosta. Portanto, perdoai, mas não deixais pra lá o homem displicente no oral.

A POSIÇÃO FAVORITA: DE QUATRO

Outra balelinha indicada na pesquisa: 51% dos homens tiveram a belíssima ideia de dizer que a posição favorita deles, na hora do sexo, é vocês de quatro. Pode até ser. Ninguém há de negar que de quatro o nível da fantasia vai ao teto – a coisa da dominação é uma alegria e o visual inspira as maiores salivações. Mas, a verdade é que se cada homem perguntasse ao homem que ele leva no interior, esse homem mudo e despido de preconceitos e da imagem de conquistador que ele gosta de pintar ao espelho e em voz alta, esse homem assumiria o básico: de quatro é bom, mas não sempre. De quatro é legal, mas dói as costas. De quatro é excelente, mas cansa. A verdade é que o papai-e-mamãe ou você por cima são as favoritas. Básico e confortável.

+Fale com Ele: Transei com dois homens e quero repetir com um deles. É possível ter algo com alguém que você conheceu num ménage à trois?

Moças, percebam: há dois homens vivendo dentro de um homem. Um é o homem sincero, frágil, invisível. É aquele que fala com a gente por meio da voz que ocupa nossa cabeça. Esse homem existe até o momento em que a voz da cabeça vira a voz que sai pela boca. Há algum filtro inexplicável nessa transposição da ideia para o som que faz com que a gente abandone a nossa essência e envernize tudo com uma tinta de bravura e falsidade. Quero dizer que o homem que demonstramos não é o homem que somos. É como se o sujeito tivesse medo de ser tão pequeno e inseguro e eterno aprendiz. Por isso, ele precisa viver nessa fantasia de que o sexo, por exemplo, é uma performance, mais do que um momento. Ele se compara sempre com um outro que ele não conheceu. Ele vê o filme pornô e acha que precisa aguentar aqueles 20 minutos de vai-e-vem sem gozar ou desmaiar. E pior: mesmo não sendo isso aí que ele gostaria de ser, quando ele comenta aos amigos o que ele acha que é, ele se pinta como aquilo que nunca será.

Percebem?

Enfim, de quatro é legal, vale a pena, topamos sempre. Mas repito: todo rapaz, depois dos 18 anos, sabe de uma dado inescapável: de quatro, sempre, por muito tempo, exige do físico. As costas doem. O joelho vacila. O suor que escorre é o suor do cansaço. Na vida real, um pouco de tudo. Mas eu diria que o favorito o básico.

A DURAÇÃO DE UMA BOA TRANSA: 30 MINUTOS

Moças, 61% dos homens disseram que uma boa transa dura pelo menos 30 minutos – repito: 30 minutos!. Esse dado deverá causar verdadeiros espasmos de riso e graça entre vocês, não causa? Porque toda moça sabe o suplício que é fazer um rapaz resistir muito além dos 15 minutos.

Acho que os moços que responderam a pesquisa responderam como se fossem os moços aí de cima: responderam como os moços que eles queriam ser. Ou até pior: responderam como os moços que eles acham que vocês gostariam que eles fossem.

Entendem?

Fale com Ele: Por que ele quer sair correndo depois que a gente transa? O que acontece com o homem após o sexo?

Porque na vida real, uma boa fodinha que chegar a 15 minutos tá mais do que lucrativa. Claro, abro o parêntese (meu ponto é que sim, existem transar que ultrapassam os 15, os 30, os 45, os 60 minutos, mas meu ponto mesmo é que a gente sabe que no dia a dia a coisa tende mais a roçar um bate-e-volta do que uma maratona).

Meninas, sabem de uma coisa que não entendo? Por que a gente gosta de estabelecer parâmetros pra uma trepada show? Aqui entre nós, já tive rapidinhas inesquecíveis e maratonas que exigiram talco e Gelol. O bom sexo dura o quanto deve durar. Dura o suficiente pra que você e ele atinjam as vogais da alegria. E detalhe: quase sempre, cada um atinge essa vogal de prazer em hora diferente. Essa coisa de sexo longo e gozada ao mesmo tempo acontece, é uma farra quando acontece, mas não é regra nem meta que aconteça. Sexo é bom quando é bom. Relaxem. Se for bom, será bom durando uma canção ou um filme.

CELULAR NA TRANSA: NUNCA

52% dos homens disseram que nunca permitiriam filmar ou serem filmados no sexo. O número faz sentido. E normalmente eu abriria todo um paragrafo defendendo aqui que cada um faz o que quer. Mas posso dizer uma verdade final:

Não caiam nessa. Não topem a filmagem. Eu sei, existem exceções, mas se vocês, moças, soubessem a quantidade de anjinhos que repassam imagens privadas em grupos de e-mail e celular… Acho que vocês sabem. Às vezes, o rapaz até toma o cuidado de esconder a cara da parceira. Ainda assim, esse idiota não é raro. E esse idiota adora contar vantagem porque, é triste, homens ainda vivem essa fantasia de que sexo é poder. Eles mentem. E uma foto sempre pode ilustrar ou dourar uma mentira.

Portanto, não filmem, não topem ser filmadas. Evidentemente não é uma decreto. Mas registrem aí: muito homem repassa aquilo que não deve.

A MAIOR FANTASIA: SEXO A TRÊS

Ah, aí, mais uma vez, os homens mentem. Porque apenas 64% assumiram que o grande desejo é o de transar a três. Sendo que meu censo jogaria esse número para alturas que chegariam acima de 98%. Sim, moças: eis o Olimpo, eis o paraíso, eis o manjar do sexo para um homem: você mais ela com ele, no meio, fazendo sanduíche.

+Fale com Ele: O que pensar e fazer quando ele broxa no meio do sexo oral?

Claro, a maioria nunca chegará lá. E dos que chegarem, boa parte não vai saber muito o que fazer – ou até pior: vai morrer de medo e seguramente terá dificuldades em dar conta da tarefa. Mas, enfim, sim, sim, sims: a grande vontade masculina é o ménage. Não digo que você precise realizar uma fantasia que te ofenda, mas se você curtir a ideia, anote: não há fantasia maior na cuca de um rapaz do que essa.

CARINHOS NO TRASEIRO

Hummm, aqui é polêmico, aqui é difícil, mas aqui é a hora de sermos realistas: porque é aqui que os homens mentem sem dó. 47% dos rapazes disseram que não querem nem pensar em ser tocado lá atrás. Isso pode até ser verdade. E acho até surpreendente o número não ter sido maior. Porque no discurso padrão do macho tosco o primeiro e o décimo mandamentos gritam que “não serás tocado lá atrás”. Essa lei, obviamente, condiz mais com o medo do que com a vontade. Porque qualquer conversa mais íntima, empirismo ou estudo mais sério apontará que muito homem, quando relaxa as amarras e as travas, aceita uns afagos traseiros. Claro, a intensidade e a profundidade desse afago varia. Tem uns que aceitam cosquinhas. Outros gostam de dedadas no pré-sal. O ponto é: tem muito homem por aí negando vontades por vergonha e temor.

A minha dica é: na hora do sexo, vale o que der vontade. Se você quer investigar os limites traseiros do seu rapaz, investigue com calma, mas investigue. Ele certamente vai estabelecer a barreira final. E, saibam: muito sujeito por aí espera isso de vocês. Eles só têm pânico de dizer.

O silêncio também diz mentiras, meninas.