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Cuiabá, 25 de Janeiro de 2025
25 de Janeiro de 2025

14 de Outubro de 2015, 21h:00 - A | A

POLÍTICA / TREM-BOMBA / O LEGADO

'Sival sabia que VLT era inviável'; afirmam Brito e Yênes na CPI da Copa

Modal orçado em R$1,47 bilhão já consumiu 80% dos recursos, mas apenas 30% do trabalho foi feito

RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO



O descaso na construção do projeto do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) - que funcionaria durante o Mundial de 2014 entre Cuiabá e Várzea Grande e que não foi concluído até hoje - foi o principal assunto da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa da Assembleia Legislativa.

Foram sabatinados durante toda à tarde desta quarta-feira (14), o ex-presidente da extinta Agecopa, Yênes Magalhães e o ex-diretor de Infraestrutura, Carlos Brito.

O primeiro a depor, Yênes Magalhães revelou aos parlamentares que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) sabia desde o inicio da inviabilidade do VLT para Mato Grosso e por influência do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, decidiu pela implantação do modal mesmo sabendo que não era a melhor opção de transporte público para a capital.

''Eu recebi um documento da empresa parabenizando a escolha do BRT e o governador sabia. Mas é o que eu disse, você contrata outra empresa que avalia como favorável'', conta o ex-Agecopa.

Yênes conta que a Oficina Consultores, uma das empresas que estudou a viabilidade do VLT no governo Blairo Maggi (PR), emitiu parecer contrário à implantação e indicou o BRT (Bus Rapid Transport) como melhor opção, porém o estudo não foi divulgado pelo Estado que contratou outra empresa de consultoria que, aí sim, avaliou o projeto como viável. ''Eu recebi um documento da empresa parabenizando a escolha do BRT e o governador sabia. Mas é o que eu disse, você contrata outra empresa que avalia como favorável'', conta o ex-Agecopa.

Já na gestão Silval, foi pedido outro estudo, desta vez, de uma empresa do Rio de Janeiro, que teria apontado os mesmos resultados, porém quando a empresa estava no 28° dia de trabalho, Yênes revela que foi pego de surpresa com uma declaração do ex-presidente da Assembleia José Riva, a imprensa de que não havia nenhum estudo sobre a viabilidade do VLT porque a Agecopa havia sonegado informação.

“Então liguei para o arquiteto responsável e perguntei quais eram os documentos que faltavam. E ele negou que faltassem documentos e ainda me parabenizou pelo estudo anterior sobre o BRT", respondeu o ex-presidente. 

 

O ex-presidente destaca ainda que ao escolher o VLT, o governo não avaliou o custo operacional de R$ 73 milhões por ano, além de não ter o projeto em mãos para saber quem iria pagar a conta final. "É por isso que eu digo que era preciso avaliar os gastos operacionais. A vida útil dos vagões é de 20 anos, depois disso é necessário novos vagões, um gasto de R$ 500 milhões. Quem vai pagar essa conta? O governo ou usuário? Isso, por exemplo, não foi avaliado", destacou Yênes.

 

Para o presidente Ocar Bezerra, que presidi a CPI, o depoimento de Yênes foi o "mais esclarecedor da comissão".

CARLOS BRITO

O ex-diretor de Infraestrutura da extinta Agecopa foi o segundo a responder as perguntas dos membros da CPI. Carlos Brito, estava visivelmente emocionado e chorou por duas vezes durante a audiência. Ele também falou sobre as falhas no projeto e na execução das obras do Veículo Leve Sobre Trilhos e confirmou parte do depoimento de Yênes Magalhães.

“Obras importantes para Cuiabá deixaram de acontecer por causa do VLT, como por exemplo, a Avenida Parque do Barbado que ficou pelo meio do caminho, a duplicação e conclusão da Avenida Miguel Sutil, estrada do Moinho, a ligação da região sul de Cuiabá com a de Várzea Grande e outras obras ‘sacrificadas’ para que pudéssemos ter recursos alocados para construir o modal”, desabafou Brito.

“Obras importantes para Cuiabá deixaram de acontecer por causa do VLT, como por exemplo, a Avenida Parque do Barbado que ficou pelo meio do caminho, a duplicação e conclusão da Avenida Miguel Sutil, estrada do Moinho, a ligação da região sul de Cuiabá com a de Várzea Grande e outras obras ‘sacrificadas’ para que pudéssemos ter recursos alocados para construir o modal”, desabafou Brito.

Sobre a emoção que demonstrou ao responder o questionamento, o ex-diretor afirmou “que fez o que pode para impedir, questionar e lutar para que as coisas fossem feitas da maneira adequada, como um agente público tem que fazer nós fizemos. O preço não foi barato, porque tivemos contra nós toda uma campanha que denegriu a nossa pessoa, nos trataram como polêmicos e desagregadores”, reforçou.

O ex-analista de infraestrutura do Ministério das Cidades, Higor de Oliveira Guerra também foi ouvido pela CPI na tarde desta quarta para fala sobre a parte técnica do projeto apresentado em Brasília. Só para se ter ideia, o VLT que estava orçado incialmente em R$ 1,47 bilhão tem previsão de custo de quase R$ 2,2 bilhões.

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