ABDALLA ZAROUR
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de infraestrutura, Vilceu Marchetti, foi assassinado com dois tiros e não com três ou mais como foi ventilado. Um na cabeça e outro no tórax. É o que revela uma fonte do Instituto Médico Legal de Mato Grosso. De acordo com o laudo do IML, ao qual fonte teve acesso, Marchetti estava acordado no momento em que foi morto. Ela diz, pelas fotos analisadas, que o ex-secretário, assim que percebeu a presença do assassino no quarto com a arma, tentou se levantar para reagir quando levou o primeiro tiro.
“O tiro que matou Marchetti foi o que atingiu a cabeça dele, mas não dá para saber ainda se foi o primeiro ou o segundo disparo que foi dado pelo assassino”, revelou. Marchetti após morto, ficou com a perna direita mais afastada do corpo, segundo o laudo, mostra que ele tentou se levantar para se defender dos tiros que levaria do assassino.
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Outro ponto interessante apontado pelo laudo, segundo a fonte, é que não há vestígios de nenhum tipo de produto ou veneno que possa ter sido citado como causa da morte de Marchetti. “Ele morreu por causa do tiro que levou na cabeça e no tórax também. Não foi encontrado no corpo dele nenhum tipo de veneno ou produto que pudesse mascarar a morte do ex-secretário”, observou.
A fonte também revelou que a cena do crime não foi alterada pelo assassino.
O CRIME
O caso ocorreu na noite desta segunda-feira (7), na fazenda onde Marchetti era administrador. A propriedade, que é do empresário Nery Fugante, é localizada na região de Mimoso, próxima a Barão de Melgaço (140 km de Cuiabá).
O ex-secretário, assim que percebeu a presença do assassino no quarto com a arma, tentou se levantar para reagir quando levou o primeiro tiro
Os delegados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da capital, Silas Tadeu, Anaíde Barros e Walfrido do Nascimento, que deram apoio nas investigações do delegado Sidney Caetano, de Santo Antônio do Leverger, explicaram que durante um jantar na fazenda, Anastácio flagrou o ex-secretário assediando a esposa.
Com isso, o trabalhador chamou a mulher para conversar em outra sala. “O suspeito indagou a mulher, se o que viu era verdade. A principio, ela disse que não, porém ao ver o marido muito exaltado, ele (Anastácio) deu um ‘tapa’ na mesa muito exaltado, quando ela confessou”, explicou.
Segundo Silas, no momento que ouviu da mulher a confissão do assédio, o suspeito foi em direção ao apartamento onde a vítima ficava. “Ele (suspeito) ainda nos disse que o Marchetti viu a arma, mas mesmo assim foi em direção ao quarto, deitou na cama e deixou a porta entreaberta”, explicou.
No depoimento, Anastácio afirmou que ao entrar no local só disse que Marchetti estava mexendo com sua mulher e atirou. Ainda segundo ele, diante do estado de raiva, não foi possível lembrar quantos tiros deu. Após o crime, o ‘peão’ explicou aos policiais que saiu do apartamento e foi em direção ao rio, que corta a fazenda para jogar a arma, um revólver calibre 38, na água.
Com barulho dos tiros, netos da vítima, de 09 e 14 anos, que estavam em um quarto ao lado, correram ao local e depararam com o avô já morto. Eles acionaram a Polícia Militar, que rapidamente chegou na fazenda.
Sem confessar o crime aos policiais, o caseiro foi preso como suspeito do crime e passou a acompanhar os trabalhos dos militares. Em uma conversa com os PM’s, a esposa confessou ter sido assediada pela vítima. “Diante da confissão, os militares suspeitaram do caseiro e o detiveram”, afirmou Silas.
Ao ouvir que o filho de Marchetti estava se dirigindo à propriedade, o suspeito pediu que a mulher fosse levada do local, com medo de uma possível agressão. Com isso, os militares a liberaram, no entanto, quando ela estava saindo da fazenda foi impedida pelos delegados da DHPP. “A delegada Anaíde a interrogou e ela explicou tudo. Diante do depoimento da esposa, o marido definitivamente confessou o crime”, explicou.
Anastácio foi autuado por homicídio e deve ser encaminhado para um presídio da capital. Já segundo Walfrido, como foi autuado em flagrante, as investigações continuam por mais 10 dias. Após o término de todas as oitivas, o delegado conclui o inquérito e encaminha a denúncia para o Ministério Público.
O caseiro da fazenda escutou os tiros e foi até a sede, onde encontrou o patrão morto. Ele pediu ajuda para um primo, que é caseiro da fazenda ao lado para acionar a Polícia, para que fosse atrás do pistoleiro.
A fazenda está localizada no Distrito de Capoeira, próximo a Mimoso. A esposa de Marchetti não estava no local. Ela estaria na outra fazenda da família, que fica na estrada de Santo Antônio. Seis viaturas da polícia foram para o local auxiliar nas buscas pelo pistoleiro.
A delegada Anaíde Barros e o delegado Walfrido do Nascimento, ambos da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), foram até o local iniciar a investigação. Três investigadores da PC auxiliam os dois delegados. O Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá também já esta a caminho da fazenda.
reprodução
Perito ouvido pelo RpMT revela que posição de uma das pernas de Marchetti indicam tentativa de levantar na hora do crime
HISTÓRICO POLÊMICO
No mês de março, Vilceu Marchetti foi condenado, pelo então juiz-federal Julier Sebastião,por atos de improbidade administrativa no processo que ficou conhecido como “escândalo dos maquinários”, em que a Justiça Federal investigava o superfaturamento na aquisição de 705 máquinas em 2009, durante o governo de Blairo Maggi (PR). Recentemente o nome do ex-secretário também foi envolvido nas investigações da Operação Ararath.
Nas investigações Marchetti foi apontado como ‘braço’ do também ex-secretário de governo Eder Moraes em supostas fraudes, que chegaram a movimentar R$ 32,7 milhões. A participação de Marchetti no ‘esquema’ seria na atuação junto a empreiteiras que prestavam serviço junto ao governo.
Um dos indícios da fraude é o ofício da Sinfra, endereçado ao BicBanco, apreendido pela Polícia Federal durante buscas na residência de Eder. O documento cita 27 empresas e os valores que seriam liquidados pelo Estado.
O ex-secretário que entrou na política em 1994, como prefeito de Primavera do Leste, estava fora da vida pública desde 2010, quando deixou o governo do Estado investigado por superfaturamento.