VANESSA MORENO
DAFFINY DELGADO DO REPÓRTERMT
O advogado Renato Nery de 72 anos, que foi assassinado no dia 5 de julho de 2024 em Cuiabá, disse para uma testemunha, dias antes de morrer, que estava sendo ameaçado de morte. À testemunha, ele disse também que, apesar das ameaças, acreditava que não teriam coragem de matar outro advogado após o assassinato de Roberto Zampieri, que foi executado sete meses antes.
As informações foram reveladas pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) após uma perícia realizada no aparelho celular de Renato Nery.
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“Ele contou [sobre] uma ameaça específica pra uma pessoa. Uma testemunha informou realmente que ele contou, dias antes de morrer, que estava sendo ameaçado e o fato se concretizou com a morte dele”, disse o delegado Bruno Abreu, que está à frente do caso, em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (12).
“O Nery não contava pra ninguém que estava sendo ameaçado até porque ele acreditava que, com a morte do Zampieri, não teriam coragem de matar outro advogado”, completou.
Renato Nery foi assassinato a tiros em frente ao seu escritório de advocacia, na Avenida Fernando Correa, em Cuiabá.
Na última sexta-feira (09), a Polícia Civil concluiu parte do inquérito que apura o crime e indiciou, por homicídio qualificado, o caseiro Roberto de Queiroz, como o executor e o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira como envolvido diretamente na execução do crime.
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No mesmo dia, a Polícia Civil prendeu o casal de empresários Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, moradores de Primavera do Leste, apontados como mandantes do assassinato. Eles teriam prometido R$ 200 mil pela morte de Renato Nery. No entanto, eles só teriam pago R$150 mil.
Outros envolvidos
A Polícia Civil já havia indiciado também outros quatro policiais militares envolvidos indiretamente na morte do advogado. São eles: Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins.
Segundo as investigações, eles teriam armado um suposto confronto entre criminosos e a Polícia Militar para esconder a arma utilizada no assassinato de Renato Nery. A suposta ocorrência foi registrada sete dias após o assassinato.
No confronto armado, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas. Diante disso, os quatro foram indiciados por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, porte ilegal de arma de fogo e fraude processual.
Outro policial militar, identificado como Ícaro Nathan Santos Ferreira, também está preso por envolvimento no caso Renato Nery.
Ao todo, nove pessoas estão presas, mas a Polícia Civil ainda investiga se houve a participação de mais pessoas no crime.
O homicídio
Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no dia 5 de julho do ano passado (2024), na frente de seu escritório, na capital. A vítima foi socorrida e submetida a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas depois do procedimento médico.
A motivação do crime foi uma disputa de terras.
Caso Zampieri
O advogado Renato Zampieri, citado por Renato Nery antes de morrer, foi assassinado no dia 5 de dezembro de 2023. Ele também foi morto a tiros em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
Segundo a Polícia Civil, a motivação do crime foi a disputa judicial de uma terra avaliada em R$100 milhões.
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