LUIS VINICIUS
DA REDAÇÃO
O delegado da Gerência de Combate do Crime Organizado (GCCO), Flávio Stringueta, afirmou ao , as investigações da Operação castelo de areia, apontam que os prejuízos causados pelo Grupo Soy, empresa que seria usada para enganar investidores, em um esquema de fraudes, que teria como um dos líderes, o ex-vereador João Emanuel, já teriam ultrapassado a soma de R$ 2 bilhões, em golpes que teriam vitimado ao menos 20 pessoas.
"O que posso te garantir é que durante as investigações, só um contrato chegou à marca de R$ 1 bilhão. A partir daí, a gente soma com os outros contratos, que são todos na casa de milhões e que chegam tranquilamente à casa de R$ 2 bilhões", disse o delegado.
À reportagem, Stringueta afirmou que há previsão da realização de outras prisões, em nova fase da operação, que foi desencadeada no dia 26 de agosto, a qual prendeu cinco pessoas e cumpriu um mandado de condução coercitiva.
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“O que a gente já apurou, é que existem coisas na ordem de bilhão. Não dá pra se contabilizar o prejuízo total, pois nós estamos abrindo as caixas, que a gente apreendeu no dia em que a operação foi desencadeada. O que posso te garantir é que durante as investigações, só um contrato chegou à marca de R$ 1 bilhão. A partir daí, a gente soma com os outros contratos, que são todos na casa de milhões e que chegam tranquilamente à casa de R$ 2 bilhões. Nós teremos novas fases sim, é um inquérito no estilo da Lava Jato, se for pra fazer um comparativo, resguardadas as proporções, obviamente. O que podemos adiantar é que teremos ótimas conclusões e que uma das fases podem ter início nos próximos dias.”, disse o delegado.
"Nós teremos novas fases sim, é um inquérito no estilo da Lava Jato, se for pra fazer um comparativo, resguardadas as proporções, obviamente", frisou Stringueta.
De acordo com Stringueta, existem denúncias de que as fraudes possam ter acontecido em todo o país, onde cerca de 20 pessoas podem ter sido vítimas. “Para a conclusão do inquérito foram ouvidas sete vítimas. No entanto, o número de pessoas lesadas com esse golpe é maior. Muito maior. Hoje mesmo já recebi ligação de outras pessoas relatando serem vítimas dessa organização criminosa, que age no país inteiro. Não sei precisar quantas vítimas existem hoje, mas o que eu posso te garantir é que esse número está crescendo cada vez mais. O número é maior que 20”, disse o delegado.
Família
Indiciado por estelionato e associação criminosa, o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes, pai de João Emanuel, foi acusado pelo presidente do Grupo Soy, Walter Dias Magalhães de participação nos esquemas fraudulosos. "Vazou o depoimento do Walter e nele consta a informação do pai do João Emanuel ligado nessas fraudes. Tudo que está lá foi o Walter que disse, nós estamos apurando a participação dele na quadrilha. Vamos investigar se o que ele está dizendo é verídico”, explica Stringueta.
"Não sei precisar quantas vítimas existem hoje, mas o que eu posso te garantir é que esse número está crescendo cada vez mais. O número é maior que 20”, disse o delegado.
Na quinta-feira (08), além do juiz aposentado, João Emanuel e o irmão dele Lázaro Moreira Lima, também foram indiciados por estelionato e organização criminosa. Os familiares do ex-vereador são acusados de fazerem parte da quadrilha, acusada de aplicar golpes milionários. Outras quatro pessoas também foram indiciadas pelos mesmos crimes.
As informações da assessoria da Polícia Civil, apontam ainda que o inquérito foi relatado ao Ministério Público do Estado, mas que um inquérito complementar foi aberto para continuar as investigações.
Ligação com o Comando Vermelho
O presidente do Grupo Soy, Walter Dias Magalhães Júnior, que foi preso no dia 26 de agosto, e que é considerado comparsa de João Emanuel, afirmou que o ex-vereador teria ordenando, a membros da facção criminosa Comando Vermelho, o assassinato da juíza Selma Rosane Santos Arruda, titular da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, e responsável pelo decreto de prisão preventiva do ex-parlamentar, que responde pelo crime de estelionato.
As informações constam no depoimento prestado ao delegado Flávio Henrique Stringueta, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, ao qual o teve acesso com exclusividade.
Walter Dias Júnior declarou que João Emanuel lhe contou o plano criminoso em um momento de muito nervosismo. Ele mandaria matar a juíza porque ela estaria prejudicando seus negócios ilícitos em golpes aplicados a investidores ludibriados pela quadrilha.
O esquema
Conforme as investigações da Polícia Civil, que culminaram na Operação Castelo de Areia, parte do esquema ocorria por meio da promessa de captação de dinheiro de junto a bancos no exterior, com juros reduzidos, mas as vítimas tinham que antecipar os valores para pagamento dos empréstimos. Os depósitos eram feitos para garantir a abertura da conta.
Os crimes ocorreriam por meio da empresa Soy Group, com sedes em Cuiabá e em Várzea Grande. Durante a operação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, sendo dois na Soy Group, cinco de prisão preventiva e um de condução coercitiva.
João Emanuel, principal alvo da investigação, teve a prisão preventiva cumprida em um hospital particular da capital, mas depois conseguiu autorização da Justiça para ficar em prisão domiciliar porque tinha passado por uma cirurgia. Ele é apontado como o vice-presidente da empresa.
Em dos golpes João Emanuel teria usado um falso chinês e teria té mesmo fingido traduzir a "negociação" que era articulada em mandarim. Essa vítima, em questão, teria emitido 40 folhas de cheque, que juntas somam R$ 50 milhões.
Entre as vítimas, estão produtores rurais, empreiteiros e empresários de Mato Grosso. O suposto grupo criminoso teria ainda atuado no Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.