RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
O preso de alta periculosidade, Luciano Mariano da Silva, o "Marreta", que é um dos líderes da facção que comandava, de dentro de presídios, crimes de roubo e furto de carros, que foi desarticulada pela Operação Ares Vermelho, exibia em sua página do Facebook diversas fotos feitas dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE).
Nas fotos, que deixam nítida a falha de controle que permitiu o preso ter acesso a celular na unidade prisional, Luciano faz caras e bocas e parece se orgulhar de estar no presídio que é considerado de segurança máxima. Entre as diversas poses do criminoso, vestindo uniforme da prisão, ele exibe até mesmo fotos das celas.
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Luciano e outros líderes da quadrilha devem ser transferidos para outras unidades prisionais nos próximos dias.
A facção criminosa da qual Marreta é apontado como um dos líderes, seria responsável por ordenar ao menos 60% dos roubos de veículos em Cuiabá e Várzea e foi desarticulada durante a operação “Ares Vermelho”, deflagrada na madrugada de quinta-feira (17), pela Polícia Civil.
Além de Luciano Mariano, outros investigados foram detidos na PCE. São eles: Robson José Ferreira de Araújo, “Carcaça” (que também usa nome de Marcelo Barbosa do Nascimento), Edmar Ormeneze, “Mazinho”, e Wagner da Silva Moura, “Belo”.
Os detentos, em nível de liderança, associados a outros criminosos identificados, praticaram diversos crimes subsequentes relacionados a veículos, clonagens, falsificação de documentos, estelionatos e lavagem de dinheiro. A Polícia Civil se infiltrou nesses grupos e desmantelou todo esquema.
“Realmente existe uma organização criminosa bastante articulada e os líderes estão dentro do Sistema Prisional. Eles orientam, aliciam e determinam a ação de jovens para prática de roubos e tráfico de drogas”, finalizou o delegado Marcelo Martins Torhacs.
Como agiam
Os crimes eram liderados por Luciano e outros membros da organização criminosa, que estão presos em unidades prisionais de Mato Grosso. Eles encomendavam veículos para comparsas do lado de fora, que agiam como verdadeiros “soldados do crime”, executando os roubos conforme a necessidade (modelo e cor) da organização. Assim, usando carros clonados promoviam rondas pela cidade, em grupos de três a quatro pessoas, objetivando encontrar vítimas com veículos, de acordo com as características repassadas pelos líderes. Caso encontrassem a pessoa desatenta, embarcando ou desembarcando de seu veículo, rapidamente entravam em contato com seus “superiores” e mencionavam o que tinham à disposição. Se o comando criminoso se interessasse pelo veículo, promoviam o roubo.
Duas características faziam do roubo uma ótima opção e a mais realizada. A primeira, pela facilidade de tomar as chaves originais (possibilitando a ação de um criminoso sem conhecimentos específicos de mecânica/elétrica – ligação direta e outros necessários para o furto) e documentos do veículo e bens das vítimas. A segunda, o perfil das vítimas, que por estarem distraídas ou em momento de descontração, possibilitava a aproximação dos criminosos e uma abordagem armada sem maiores problemas.
Balanço da operação
A operação foi desencadeada para o cumprimento 125 ordens judiciais, sendo 51 mandados de prisão preventiva, 12 conduções coercitivas e 62 buscas e apreensão domiciliar, nos Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Mato Grosso do Sul. Também foram apreendidos quatro veículos, 113 tabletes de maconha, armas e munições. Fora do Estado de Mato Grosso, a operação cumpriu cinco mandados de prisão e cinco buscas em Campo Grande, uma condução coercitiva em Novo Progresso, no Pará, cinco prisões preventivas e cinco buscas em Rondônia.
Foram efetuadas 52 prisões, sendo 46 mandados de prisão preventiva, 6 flagrantes, realizadas 62 buscas e apreensão domiciliar e 5 conduções coercitivas para interrogatórios. Também foram apreendidos 4 veículos, 113 tabletes de maconha, armas e munições.
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