ONOFRE RIBEIRO
Em Mato Grosso nunca vi série tão grande de crises se abatendo sobre uma gestão como as que estão sobre a cabeça do governador Pedro Taques, desde janeiro de 2015. Acho relevante enumerá-las, mesmo fora da ordem em que aconteceram, porque o cotidiano mistura tudo e não nos dá a idéia de lógica nos fatos.
Começo citando que realmente havia uma bagunça depois da gestão anterior. A seguir a real situação da obras da Copa, acabadas, mal-acabadas, inacabadas ou com problemas. Destaco o VLT que incomoda muito a sociedade cuiabana, gerando discussões desgastantes. As prisões de políticos geraram instabilidade nos meios políticos e empresariais.
O secretariado técnico gerou suspeitas de travamento da gestão. O ano de 2015 acabou com muitas discussões. E o governador Pedro Taques chamando pra si todas as luzes e todos os desgastes da gestão por seu estilo centralizador.
O ano de 2016 já começou com sérios desgastes à capacidade da gestão de conduzir realizações. A crise econômico-financeira do governo federal chegou aos estados. Em Mato Grosso trouxe muitos gargalos. Poucas obras sendo tocadas, gestão muito centralizada, redução de repasses e convênios. Começaram as trocas de secretários. Aparece a primeira crise ética na Secretaria de Educação.
Os poderes começaram a questionar pontos da gestão. A boa relação do início começou a azedar até que foi preciso atrasar e depois renegociar os valores dos duodécimos de todos os poderes. Na mesma época vem a discussão da RGA que trouxe junto uma greve geral de mais de 30 dias de todos os servidores do Executivo, e um profundo desgaste político ao governo por conta das discussões em torno do parcelamento do reajuste salarial.
A seguir veio o parcelamento dos salários no Executivo. Mais desgaste. A falta de dinheiro pra investimentos, mais trocas de secretários, taxação do agronegócio pra obter o Fethab 2, mais propostas de taxação do agronegócio. Proposta de reforma profunda da gestão, proposta de reforma tributária, governo federal não repassa o FEX de R$ 391 milhões.
Poucas obras em andamento. Crise na educação, crise na saúde. Funcionários públicos em pé de guerra. O Detran é um nó na garganta. Violência sobe. Poderes arredios. Derrota na eleição de Cuiabá e nos municípios-pólos. Economia combalida. Secas sucessivas no campo e redução da produção agrícola. Arrecadação prejudicada.
Risco de isolamento político do governador Pedro Taques ameaça prejuízos à sua governabilidade. Crises ensinam. Ele parece disposto a fazer transformações no estilo pessoal e na condução da gestão. A ninguém interessa os tsunamis. Ao governador cabe uma série de iniciativas de conversações e de interlocução política. Não lhe restam outros caminhos. É preciso fugir correndo do isolamento. E resgatar a identidade do seu governo.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.