LOUREMBERGUE ALVES
Especulações e boatos são próprios do jogo político-eleitoral.
O cenário deste seria bem outro se aqueles não existissem, e, até por conta deles, cenas são construídas, interpostas e utilizadas por um ou por vários dos grupos em disputas por espaços e pelo poder de mando.
Daí as conversas norteadas por alianças e por candidaturas.
E a respeito destas, de acordo com o noticiário, o Julier, então filiado ao PMDB, estaria sendo sondado pelo PDT para ser seu candidato a prefeito de Cuiabá, em 2016.
Tal história movimentou a estampa fotográfica eleitoral do município, ainda que não seja capaz, e, de fato, não é mesmo suficiente para mudar a sua cor ou os rumos da disputa eleitoral.
Outro dia, era o PT que se mostrava interessado na filiação do ex-juiz e na sua candidatura a prefeitura cuiabana.
Isto com o propósito de desviar o foco da imprensa na figura de sua maior liderança no Estado, Lúdio Cabral. E com razão, pois este petista vinha se desgastando com a denúncia de que sua campanha a prefeito, em 2012, recebeu parte do suposto dinheiro desviado da Secretaria de Assistência Social estadual.
Tal denúncia levou a prisão três ou quatro pessoas, inclusive a ex-chefe da dita pasta, Roseli Barbosa.
Bem antes dessas prisões, e logo depois da desfiliação do Pedro Taques do PDT, o Lúdio Cabral chegou a ser cogitado para ser convidado a se filiar a sigla pedetista.
O próprio Zeca Viana falou nessa possibilidade. O que foi duramente criticado pelo Otaviano Pivetta. Este ameaçou deixar o partido caso esse convite se realizasse. A crise interna, portanto, continua forte, mesmo com a saída do governador.
O PDT, agora, segundo se notícia, fala no ex-juiz Julier, que estaria se sentindo ‘fritado‘ pelos peemedebistas.
Situação reveladora. Revela a falta de renovação não apenas da sigla pedetista, mas de todos os partidos políticos. Tanto que eles precisam buscar, em muitas ocasiões, nomes de fora de suas fileiras. Isto é a prova inconteste de suas próprias falhas.
Falta-lhes a renovação necessária, além de falharem na formação interna de seus quadros com vistas às disputas eleitorais.
Para isso, as agremiações partidárias carecem cumprir, de fato, sua tarefa primeira, a saber: a de serem intermediárias entre os governantes e os governados.
Não em estado passivo. Mas ativas e provocativamente, até para usufruírem das discussões dentro da sociedade, e, então, coletarem subsídios para seus discursos e programas de governo.
Caso contrário, infelizmente, os partidos políticos continuarão sendo feudos de particulares e locais apenas para carimbar o passaporte de alguém que queira ser candidato.
O retrato do PDT, correndo atrás ou do Julier ou de outro nome, não é diferente do álbum de fotografias das trinta e duas siglas políticas existentes.
Nenhum deles, na verdade, tem alguém com capacidade eleitoral bastante e com capital político substancial para disputar a chefia do Executivo Municipal em 2016.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político em Cuiabá.
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