GONÇALO DE BARROS
Vale a pena relembrar, nos ensinamentos de Lenine Póvoas, os acontecimentos de nossa terra no século passado.
Com a vitória da Revolução de 1906 e a eleição e posse de Generoso Ponce na governança do Estado, inicia-se um período de paz na política mato-grossense, consolidando-se, por aqui, a República.
O período antecedente foi de muita conspiração e luta, tendo na origem mais imediata a deposição de Manoel José Murtinho, em 1892, levando Ponce a articular uma contrarrevolução.
E como a história está repleta de ‘acasos’, após ter tomado posse em 15/08/1907, Ponce renuncia à governança em exatos um ano e dois meses, tendo concluído o mandato Pedro Celestino Correa da Costa, sucedido por Joaquim Augusto da Costa Marques, então proprietário da Usina Ressaca, em Cáceres.
Com o término da Primeira República, tendo sido deposto o presidente Washington Luiz pela Revolução de 1930, não somente ele, mas se fechou também o Congresso Nacional e as Assembleias estaduais, instala-se o governo provisório de Getúlio Vargas, no que se denominou de República Nova ou Segunda República.
V
eio o tempo das ‘interventorias’, até a Revolução Constitucionalista de 1932 em Mato Grosso e São Paulo, destacando-se: Antonino Mena Gonçalves, Artur Antunes Maciel, Leonidas Antero de Mattos, Cesar de Mesquita Serva, Fenelon Müller e Newton Cavalcanti.
Atendendo ao anseio pela legalidade constitucional, apesar da derrota de Vespasiano Martins e seus companheiros, que se exilaram no Paraguai, o governo, em 1933, convoca eleições gerais, introduzindo o voto feminino e o voto secreto, nascendo uma Assembleia Nacional Constituinte, com a consequente promulgação da Constituição de 34.
Dos fatos históricos, constatam-se avanços após períodos revolucionários, funcionando como que engrenagem obrigatória contra a vontade personalizada.
Na advertência de Mário de Andrade, ‘O passado é uma lição para se meditar, não para se reproduzir’. A maturidade democrática, nunca antes alcançada como agora, elege o arcabouço jurídico-constitucional como esteio e panaceia, axiologia necessária na pós-modernidade.
’Eu insulto o burguês-funesto!/O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!/Fora os que algarismam os amanhãs!/Olha a vida dos nossos setembros!/Fará Sol?/Choverá?/ Arlequinal!/Mas à chuva dos rosais/o êxtase fará sempre Sol!//Morte à gordura!/Morte às adiposidades cerebrais/Morte ao burguês-mensal!/ao burguês-cinema!/ ao burguês-tílburi!/Padaria Suissa!/ Morte viva ao Adriano!/_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos?/_ Um colarà _ Conto e quinhentos!!!/Mas nós morremos de fome!’ (Ode ao Burguês, de Mário de Andrade).
É por aí...