facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 23 de Maio de 2025
23 de Maio de 2025

20 de Outubro de 2015, 08h:49 - A | A

OPINIÃO /

Greve fora de hora

Não dá pra justificar movimento da UFMT; o funcionalismo público é uma classe privilegiada no país

RENATO DE PAIVA



O  desfecho esperado da  mais demorada greve das universidades federais,  cuja duração enche de orgulho alguns dirigentes e sindicalistas,  parece indicar  que chegou a hora do professorado universitário rever a confiança que tem em seus líderes.

Sim,  porque foram eles,  eu creio, os idealizadores desse nefasto movimento.

Usando retórica manjada e reconhecido  poder de persuasão conseguiram  cooptar os demais docentes,   ou  a maioria deles, para um movimento totalmente intempestivo.  

Provavelmente nem convenceram  a maior parte, mas a maioria dos  que se dispuseram  a comparecer às reuniões onde se decidem as greves. 

Muitos professores devem ter aceitado  por gravidade, simplesmente não oferecendo resistência. Deixaram-se levar, contando com a possível  vantagem, que de fato não veio.

Tanto é verdade que alguns poucos decidem as propostas,  que à última assembleia  só compareceram  76 pessoas, das quais 6 votaram a favor da continuidade do movimento.

Estava claro desde o princípio, sem entrar no mérito da reivindicação, que o momento era absurdamente impróprio para a paralisação, pois  os salários estão diminuindo no país inteiro e as finanças públicas dilapidadas por uma administração totalmente errada  do partido que conta com a maioria da preferência dos professores. 

É  muita ingenuidade dos dirigentes esperar e exigir uma reposição salarial de 27% em momento tão inoportuno.

Talvez nem seja tanta ingenuidade, mas sim o prazer vaidoso dos líderes  de estar sempre presidindo reuniões, dando entrevistas ou   aparecendo  na televisão, o que só conseguem em momentos de paralisação dos docentes.

Mostraram-se  maus estrategistas  empurrando os colegas para um movimento que não tinha nenhuma chance de sucesso.

Foram  ainda inconsequentes ao  insistirem no erro por tanto tempo,  prejudicando toda a comunidade acadêmica. Irresponsavelmente privaram os  alunos de 4 meses de aulas, cujo conteúdo nunca será reposto como sempre aconteceu em greves anteriores.

Não dá pra justificar essa  greve, pois o funcionalismo público é uma classe privilegiada no país.

Além dos ganhos maiores que a média geral dos trabalhadores  aposentam com o salário integral e gozam de estabilidade que os outros empregados não têm.

Não se discute, claro, a importância do professor na formação de uma sociedade, mas não se deve romantizá-lo nem idealizar sua função.

Como qualquer outro trabalhador   ( bancário, advogado, médico, contador etc)  ele faz uma troca com a comunidade oferecendo seu conhecimento e trabalho e recebendo por isso.

Tanto mais valerá quanto melhor for o produto que oferece.

>>> Siga a gente no Twitter e fique bem informado

Comente esta notícia