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Cuiabá, 12 de Julho de 2025
12 de Julho de 2025

09 de Outubro de 2015, 08h:38 - A | A

OPINIÃO /

Governabilidade?

No âmbito do Legislativo/Governo, a relação também sempre foi de troca, do toma lá, dá cá

LOUREMBERGUE ALVES



Mais um livro sobre a experiência de uma administração pública. Isto é bom. Pois ela, assim como todas as outras, amplia as discussões a respeito.

Trata-se da obra que tem o governo tucano como foco. Seu título, bastante instigante, uma vez que realça os ‘Diários da Presidência’, cujo autor é o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e quem traz a sua leitura do período.

Leitura que deve, sim, ser questionada e debatida. Inexiste, neste espaço, a uniformidade de opiniões com relação a uma gestão.

Recentemente, aliás, foram publicados trechos do dito livro (que, segundo dizem, deve ser dividido em quatro volumes).

Um de seus trechos diz da negação do presidente Fernando Henrique em nomear Eduardo Cunha, em 1996, para o cargo de diretor da Petrobrás. Isso porque o atual presidente da Câmara Federal foi tirado da chefia da Telerj por cometer trapalhadas.

Em um segundo trecho, Fernando Henrique se queixa da troca de cargos por apoio no Congresso Nacional, e conta sobre as reivindicações dos políticos e das agremiações partidárias.

Tal como, por exemplo, a do antigo PPB. Este exigia a pasta da Reforma Agrária acompanhada do Iincra - de porteiras fechadas.

Por fim, o ex-presidente confessa ter sentido ‘o travo amargo do poder, no seu aspecto mais podre do toma lá, dá cá, até porque se não der o que os partidos pedem, eles não votam com o governo’.

Tudo, aliás, pela governabilidade. Palavra que foi e é conceituada de forma equivocada no país - com a troca de cargos por apoio ao governo nos Parlamentos.

Essa barganha se dá no governo Dilma Rousseff (veja, por exemplo, a atual reforma ministerial), e foi registrada na do Luiz Inácio Lula da Silva e na de Fernando Henrique Cardoso.

Prática que se estende as esferas municipais e dos Estados. Em Mato Grosso não é diferente. Isto tanto no governo atual, como nos anteriores. Antes mesmo do regime burocrático-militar.

Assim, quando o PSD, o antigo, se encontrava na chefia do Executivo, vários funcionários eram mantidos nos cargos desde que se desfiliassem da UDN.

A UDN, no governo, também se valia de igual estratégia: seduzir os adversários políticos com as benesses do poder. Os petebistas eram, por outro lado, beneficiados tanto no governo udenista quanto na gestão peessedista.

Benesses que também eram moedas de troca na chamada Primeira República (1889-1930). Nesta, os coronéis, chefes e chefetes políticos trocavam votos por benefícios do Estado.

Prática igualmente repetida no período de 1947-1965, e reprisada - ainda que disfarçada - durante o regime-burocrático militar (1964-1985)
Essa situação não mudou muito nos dias de hoje.

Basta que se observe a relação entre os governantes e os parlamentares, e/ou entre os políticos e uma parcela do eleitorado. No âmbito do Legislativo/Governo, a relação é também de troca, do toma lá, dá cá.

Tudo, estranhamente, pela governabilidade. Será isto mesmo?

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