LOUREMBERGUE ALVES
Tão logo se teve, oficialmente, a relação dos parlamentares estaduais, começou o debate em torno da constituição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
Debate que vem se tornando, de fato, uma briga. Briga que se vê mais acirrada pelo cargo de presidente.
Muita gente está de olho nele. Inclusive políticos que não compõem a lista de deputados, ainda que não possam exercê-lo, mas podem ser importantes na escolha e na costura do nome que venha ocupá-lo.
E isso é uma prova de que a dita briga tende a ser mais forte.
Isso, contudo, não impede que duas ou três partes do todo se juntem em favor de um deles - seja da oposição ou da situação - descartando assim a disputa. A disputa é salutar, importante e necessária.
Bem melhor tê-la do que ter a velha reprise, terrivelmente assistida nas duas últimas duas décadas, e na qual ora o presidente virava secretário e ora este se transvestia daquele.
Diferentemente do que se tem agora, com o embate chamando a atenção.
A oposição de hoje, mas situacionista do ano que vem, e a governista do momento, e oposicionista em 2015, têm interesses pelo pela presidência do Legislativo. Igualmente o tem o grupo que, a partir do dia 1º. de janeiro, não terá mais as rédeas da administração pública regional.
O governador eleito também está atento na discussão sobre a chefia da Assembleia Legislativa, e até - de algum modo - a tem estimulado, no dizer de alguém bastante próximo de um de seus apoiadores de campanha. Embora ele tenha dito, e diz que não vai intervir, nem participar dela.
Todo governante - seja prefeito, governador ou presidente -, na verdade, participa sim da decisão sobre a composição da Mesa Diretora do Legislativo.
Participação que lhe pode trazer dissabores, além de derrotas memoráveis, tal como a de 2013, quando o prefeito cuiabano teve que ‘engolir em seco a vitória’ de um de seus desafetos políticos.
Hoje, a disputa pela presidência do Parlamento estadual tende a ser mais acirrada. Isso porque dois grupos estão participando dela.
E é, nesse cenário conflituoso, partidário e dialógico, porém não pragmático, nem ideológico, tampouco exemplar, que surgem os nomes concorrentes.
Do lado da coligação do governador eleito, destacam-se Guilherme Maluf, Wilson Santos e Oscar Bezerra; enquanto na oposição, aparecem Mauro Savi e Walter Rabelo.
De todo modo, vale acrescentar, na disputa pela Mesa Diretora sempre tem alguém, ou alguns que migram de um lado para outro. Mesmo sob a cantilena de ‘não tolerância aos traidores’.
‘Traidores’ que podem ser ‘retirados’ para não se ‘tornarem’ cooptados pelo grupo adversário.
Situação cômica, para não dizer trágica. Pois quem assim procede, ou se deixa levar, desconhece as regras democráticas, e estas alimentam a disputa, bem como a negociação, a argumentação e o convencimento.
Tripé que se dá sob o signo da liberdade, assim como ocorre com a própria política, em especial quando a tem como gestão dos desejos conflitantes.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
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