Do G1, em São Paulo
Relatório da organização Transparência Internacional sobre a percepção de corrupção ao redor do mundo divulgado nesta terça-feira (3) aponta que o Brasil é o 72º colocado no ranking entre os 177 países analisados, um um posto modesto mesmo entre os vários países das Américas.
A Dinamarca e a Nova Zelândia ficaram empatadas em primeiro lugar como os países no qual a população tem menor percepção de que seus servidores públicos e políticos são corruptos. As duas nações registraram um índice de 91 - a escala vai de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente). O índice brasileiro foi de 42 - um ponto a menos que em 2012, quando o Brasil ficou em 69º lugar.
"Apesar de ter caído apenas um ponto, o Brasil não deveria estar feliz com sua pontuação. Não é suficiente ter o poderio econômico, se você não pode dar o exemplo com bom governo", afirmou Alexandro Salas, diretor para as Américas da Transparência Internacional, segundo a France Presse.
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Apesar de novas leis sobre o acesso à informação pública e outra que castiga penalmente as empresas por corrupção - e não apenas os indivíduos - "há a sensação de uma prática de corrupção muito extensa", explica o pesquisador mexicano, que pediu ao Brasil que comece a aplicar esta "grande infraestrutura" legal contra a corrupção.
Quase 70% dos países da lista têm "sérios problemas", com funcionários dispostos a receber suborno. Nenhum Estado dos 177 citados recebeu pontuação máxima, de acordo com a ONG que tem sede em Berlim.
Outros países
No topo da lista dos países mais “honestos” estão em segundo lugar a Finlândia e a Suécia, também empatadas, seguidas de Noruega, Cingapura, Suíça, Holanda, Austrália, Canadá e Luxemburgo. Os Estados Unidos ficaram em 19º lugar.
Os países mais corruptos entre os analisados, segundo o estudo, são Afeganistão, Coreia do Norte e Somália, os três alcançando um índice de 8. Os piores índices ficaram concentrados na África e na Ásia.
Entre os países que registraram as maiores quedas em 2013 estão Síria, abalada por uma guerra civil, Líbia e Mali, que também passaram por conflitos militares nos últimos anos.
"A corrupção está muito relacionada com os países que estão em decomposição, como Líbia ou Síria", explica Finn Heinrich, principal pesquisador do índice. Este é o caso do Afeganistão, onde não aconteceram progressos substanciais, apesar dos esforços da Otan.
"Os ocidentais não investiram apenas em segurança, mas também em medidas para fazer a lei ser respeitada. Mas a proporção de pessoas que pagam subornos continua sendo uma das maiores do mundo", relata o especialista.
A Coreia do Norte é um caso de opacidade quase total, "uma sociedade totalitária totalmente fechada", nas palavras de Heinrich.
Nas Américas, Venezuela e Paraguai continuam sendo os piores, e Uruguai e Chile são vistos como os líderes em transparência. A tabela de transparência da região tem o Uruguai no topo com 73. Em seguida vem Chile (71), Porto Rico (62) e Costa Rica (53), seguidos por Cuba (46), Brasil (42) e El Salvador (38).
Na lanterna do continente estão Venezuela (20 pontos), Paraguai (24), Honduras (26), Nicarágua (28) e Guatemala (29).
Além disso, em ordem decrescente de transparência, aparecem nesta classificação anual da TI Peru (38 pontos), Colômbia (36), Equador (36), Panamá (35), Argentina (34), Bolívia (34), México (34) e República Dominicana (29).
A Transparência Internacional, uma referência mundial na análise da corrupção, afirmou que os resultados deste relatório "mostram um cenário preocupante" e destacou que "mais de dois terços dos 177 países" estudados perderam transparência.
O relatório é elaborado todos os anos desde 1995 a partir de diferentes estudos e pesquisas sobre os níveis de percepção da corrupção no setor público dos diferentes países.