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Cuiabá, 03 de Julho de 2025
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10 de Setembro de 2021, 14h:42 - A | A

NACIONAL / RIVAIS DE JOGO

Laudo diz que estudante que usou faca e espada para matar gamer não tem doença mental

Defesa alega que Guilherme Costa teve 'surto psicótico' para matar Ingrid Bueno, mas exame descarta perturbação mental durante crime em fevereiro

DO G1



Laudo feito por peritos médicos indicados pela Justiça de São Paulo concluiu que o estudante Guilherme Alves Costa, de 18 anos, que usou uma faca e uma espada para matar a gamer Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, não possuía nenhuma doença ou perturbação mental quando cometeu o crime em fevereiro. O G1 teve conhecimento do resultado do teste nesta quinta-feira (9).

O exame de insanidade mental havia sido feito em abril por determinação judicial a pedido da defesa do réu. Seus advogados suspeitam que Guilherme matou a vítima durante um "surto psicótico", e, que por este motivo, precisaria ser levado para tratamento num hospital psiquiátrico em vez de continuar preso. Apesar de ter confessado o crime, o estudante nunca explicou por que assassinou Ingrid.

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Mas como o resultado do teste o considerou "imputável" (ou seja, que pode responder criminalmente pelo que fez), o acusado poderá ser levado a júri. Até a última atualização desta reportagem, a juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, da 5ª Vara do Júri, não havia decidido, no entanto, se ele será submetido a um julgamento popular.

O estudante responde por homicídio. Em caso de condenação, a pena para esse tipo de crime pode chegar a 30 anos de prisão (tempo máximo que uma pessoa pode ficar presa pela lei brasileira).

"Já houve audiência [de instrução], já pedi a pronúncia para ser levado a júri", falou o promotor Fernando Cesar Bolque ao G1. "[Estou] aguardando a sentença [de pronúncia]."

Defesa fala em 'surto psicótico'

Procurada pelo G1, a defesa de Guilherme contestou o resultado do exame que o considerou um criminoso comum.

"Estamos tentando uma contraprova desse laudo de insanidade mental", falou o advogado João Marcos Alves Batista, que atua na defesa do réu ao lado do também advogado William Vinicius Sartorio de Andrade.

"A defesa ainda defende a tese de que o Guilherme precisa de um tratamento, precisa de uma absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança", disse João. "Pois ele não pode cumprir sua pena e retornar para a sociedade sem um devido tratamento para os sintomas que ele apresenta, para as doenças mentais e tudo".

Na opinião de seus advogados, Guilherme possui "esquizofrenia e distúrbios de psicopatia". A defesa, porém, não tem nenhum documento que comprove isso. E pretende contratar um perito particular para emitir um laudo que corrobore com essa tese.

"Dentro da prisão, o Guilherme escuta vozes e sofre com os sintomas", falou o advogado, que ainda não tem uma explicação sobre o motivo que fez seu cliente matar Ingrid. "Não sabemos informar o real motivo, pois nem ele mesmo sabe o explicar. Nossa opinião é que ele teve algum ataque ou surto psicótico. Ele não sabe nos informar, porque nos disse que não lembra de mais nada do que houve naquele quarto."

O crime

O assassinato ocorreu em 22 de fevereiro, na casa de Guilherme, em Pirituba, na Zona Norte da capital paulista.

O estudante é conhecido como Flash Asmodeus no meio dos games. Ingrid era chamada por Sol e jogava profissionalmente como gamer. Os dois se conheciam havia um mês, durante partidas online do Call of Duty: Mobile, um game de tiro para celulares.

Após matar a gamer, ele gravou um vídeo e compartilhou a imagem nas redes sociais admitindo o assassinato. Em seguida, se entregou numa delegacia, onde foi preso pela Polícia Civil, e continua detido desde então.

"Eu quis fazer isso", disse o estudante numa filmagem feita por policiais que o prenderam em flagrante.

De acordo com a investigação, Ingrid foi encontrada morta a facadas depois de ter ido à casa de Guilherme. Os policiais querem saber se os dois tinham algum relacionamento e se o assassinato foi planejado.

A suspeita da polícia é a de que o crime tenha sido premeditado. Guilherme chegou a fugir após matar Ingrid. Depois falou que iria se suicidar, mas foi convencido pelo irmão a se entregar. O irmão havia visto o corpo da gamer sobre uma cama. Segundo o relato desse familiar, o estudante havia lhe dito que a garota “teria atravessado seu caminho” e por isso a matou.

Guilherme ainda afirmou aos policiais que escreveu um livro de 52 páginas para explicar os objetivos do crime. A polícia conseguiu uma cópia dele, que foi anexada ao inquérito. Nele, o assassino afirmou, de acordo com a Justiça, que "planejava um ataque contra o cristianismo e que seria um soldado de um exército, tendo ainda asseverado que a vítima teria atrapalhado seu caminho, o que, em tese, acena para a possibilidade de envolver um plano para atingir outras pessoas".

Gamer

Ingrid disputava Call of Duty: Mobile pelo time FBI E-Sports. Guilherme jogava em outro time, o Gamers Elite, e a suspeita da polícia é a de que eles se conheceram durante partidas do game online. Um grupo de jogadoras homenageou a gamer morta dentro do jogo preferido dela.

A organização FBI E-Sports declarou ao GloboEsporte que Ingrid era uma excelente jogadora.

"Ela ingressou no nosso esquadrão de meninas e fez muita amizade com os rapazes da line Black Stars, onde ela ficou até o seu final. Ela era uma excelente jogadora, tinha um espaço em nossos corações. Era uma pessoa extraordinária, sempre nos motivando e acreditando. A ligação dela com todos os membros era super boa, super respeitosa, amistosa e educadíssima. Dedicamos a ela nosso respeito máximo, e à família dela, nossos sentimentos e nossas condolências", informa o comunicado da FBI E-Sports.

Em nota, a Gamers Elite informou que Guilherme enviou um vídeo com imagens da jovem morta no grupo da organização, e os responsáveis afirmaram que informaram "as devidas autoridades" e pediram para que os integrantes do grupo não compartilhassem o vídeo. A organização comentou ainda que nunca viu o jogador pessoalmente e que "não compactua com qualquer criminoso de nenhum modo e jamais irá compactuar ou fazer apologias ao mesmo". 

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