G1/SP
Um panfleto apócrifo colado a um poste na Avenida Angélica, em Higienópolis, na Zona Oeste de São Paulo, chamou a atenção de uma médica quando saía do trabalho, um hospital infantil na mesma região, no dia 23 de junho. O serviço oferecido era o de uma garota de programa, mas a foto era de uma colega de trabalho, médica pediatra.
O desfecho dessa história aconteceu nesta segunda-feira (15), quando policiais da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santo Amaro, descobriram o autor da difamação, um corretor de imóveis, ex-marido da médica, cuja foto aparecia no panfleto.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
O teor do anúncio, que futuramente ficou comprovado ser falso, dizia: "Você homem - opção de divertimento em todas as redes sociais, me bloqueou no Okcupid - vale a pena! É cara!! Médica, atrevida e acompanhante linda. Dá mais B... que like (11) xxxx-xxxx".
Ao voltar ao hospital, a médica que reconheceu a colega na foto panfleto relatou o ocorrido. Naquele momento, já haviam panfletos espalhados por postes das ruas Loefegreen, Botucatu, Pedro de Toledo, no Metrô Vergueiro, e perto a uma doceria na mesma região.
Chocada ao saber dos panfletos, a médica, de 44 anos, ainda precisou lidar com mensagens pelo WhatsApp com solicitações do serviço de acompanhante. Por isso, ela registrou o caso na 6ª DDM três dias depois. Até este momento, ela não fazia ideia de quem poderia ter feito os tais panfletos com o falso anúncio de cunho sexual.
Na mesma delegacia, a médica registrou outro boletim de ocorrência relatando que sua secretária havia recebido uma ligação de seu ex-marido, um corretor de imóveis de 48 anos, perguntando por ela. Ao receber a informação de que ela não estava, ele começou a ofender a ex-mulher: "essa p... não está nem em casa", "você acha que ela anda fazendo o quê?", "tá dando, tá dando, tá dando", "vadia", "vagabunda", "vagabunda de quinta categoria".
Aos policiais, a médica informou que conviveu com o corretor de imóveis por sete anos e desta relação eles tiveram uma filha, hoje com 4 anos. Os dois estão separados há dois meses.
O autor dos panfletos
Os investigadores da DDM foram até o trabalho do corretor de imóveis e perguntaram se ele era o autor dos panfletos difamatórios contra a médica, sua ex-mulher. Segundo a Polícia Civil, ele confessou o crime e concordou em abrir o porta-malas de seu carro, onde os policiais encontraram mais de panfletos iguais ao que foram espalhados nos postes, perto do trabalho da ex-companheira.
O material estava em uma caixa, dividido em seis envelopes e foi apreendido pelos investigadores, que encaminharam tudo para análise no Instituto de Criminalística de São Paulo.
Ao G1, a médica disse que não vai comentar o caso, mas que seus advogados criminalistas estão cuidando dos trâmites legais. O corretor de imóveis disse ao G1 que "não cabe agora falar nada". Perguntado se estava arrependido, ele respondeu que "sim".
A delegada Thaís Marafanti instaurou inquérito policial para apurar os crimes de difamação e violência doméstica, de acordo com a Lei Maria da Penha.