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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

12 de Novembro de 2016, 07h:45 - A | A

POLÍCIA / O FEMINICÍDIO DE CADA DIA

MT registrou 64 casos em 2016 como de Maria Juraci, assassinada pelo ex-marido

A defensora pública, Rosana Barros, presidente do Conselho Estadual da mulher, lembra que esse tipo de crime ocorre porque o homem não se conforma com o fim do relacionamento, por sentimento de posse sobre a mulher ou por quebra de visibilidade masculina

LUIS VINICIUS
DA REDAÇÃO



O caso do assassinato da vendedora Maria Juraci Bernardino, 37, morta a facadas, na última segunda-feira (7), pelo ex-marido, do qual estava separada há cinco anos, e que a executou por ela ter publicado no Facebook, uma foto com o atual namorado, trouxe à tona novamente,em Mato Grosso, o alerta sobre os casos de feminicídio (perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino).

"Os homens cometem feminicídio primeiro; por inconformismo com o término de relacionamento, quebra da expectativa do ser mulher e quebra da visibilidade masculina", pontua a defesora pública, Rosana Barros, presidente do Conselho Estadual da Mulher.

A defensora pública, Rosana Barros, presidente do Conselho Estadual da Mulher de Mato Grosso, lembra que assim como Maria Juraci, as vítimas desse tipo de crime fazem parte de um cenário 

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"fruto da hierarquia do gênero masculino sobre o feminino". “De acordo com os estudos da Secretaria Nacional de Politicas para mulheres, os homens cometem feminicídio primeiro; por inconformismo com o término de relacionamento, quebra da expectativa do ser mulher e quebra da visibilidade masculina. Eu entendo que não há motivo para matar. Uma discussão, você não resolve com uma faca, com um revólver, de maneira alguma. O homem tem que aceitar o término do relacionamento e aceitar a vontade de sua parceira”, conta a defensora.

DADOS DA MORTE

"Ninguém nasceu para ficar grudado com ninguém. A vítima já estava separada dele há 5 anos, mesmo se ele tivesse separado dela há um dia, ele não teria o direito de fazer isso com ela. A mulher como qualquer pessoa, é livre. Não tem nenhum motivo para ele pegar uma faca e matá-la", ressaltou sobre o caso Maria Juraci.

De janeiro a setembro deste ano Mato Grosso registrou 64 homicídios dolosos contra mulheres. Os dados são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), e mesmo apresentando uma leve redução, em relação ao mesmo período do ano passado, quando 66 ocorrências foram registradas, este tipo de crime tem sido uma preocupação cada vez maior para as autoridades policiais e as entidades de defesa da mulher.

Além dos crimes de homicídios dolosos (com intenção de matar), o Mato Grosso registrou 241 casos de tentativa de homicídio, entre o dia 1 de janeiro e 31 de setembro. Somente em Cuiabá foram 56 casos e em Várzea Grande o registro foi de 24 tentativas.

Dos crimes de ameaça contra as mulheres a Sesp registrou 13.728 casos. Em comparação, com o mesmo período de 2015, os númerosrepresentam um aumento de pouco mais de 23%. Os acusados, em sua grande maioria são maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados e outros do sexo masculino que têm convivência com a vítima.

FEMINICÍDIO

A presidente do Conselho Estadual da Mulher de Mato Grosso, afirma que anteriormente o crime contra a mulher não era qualificado. “O feminicídio é uma norma que começou a vigorar em 2015. Ela torna a morte de mulheres, por serem mulheres, ou por menosprezo à condição de mulher, ou em caso de morte de mulher em ambiente familiar, como crime qualificado. Então antigamente, quando se tratava de morte de mulher para ser crime qualificado, deveria obedecer alguns requisitos do código penal e hoje não. A morte de mulheres por serem mulheres, configura o crime de feminicídio”, explica.

CASO MARIA JURACI

A vendedora, que foi assassinada na porta de casa, com facadas no pescoço, pelo pai de seus quatro filhos, tinha medida protetiva contra ele, devido a outras ações de violência. O assassino foi até a casa dela, alegando que precisava conversar com ela. Logo em seguida, os vizinhos escutaram os gritos e a encontraram ensanguentada, na calçada. O caso ocorreu em peixoto de Azevedo (700 km de Cuiabá).

O assassino José Mariano Bernardino da Silva, 44, foi preso dois dias depois e confessou o assassinato. Ele alegou que agiu por ciúme e disse estar arrependido.

“Nesse caso, está evidente que trata-se de feminicídio. Ninguém nasceu para ficar grudado com ninguém. A vítima já estava separada dele há 5 anos, mesmo se ele tivesse separado dela há um dia, ele não teria o direito de fazer isso com ela. A mulher como qualquer pessoa, é livre. Não tem nenhum motivo para ele pegar uma faca e matá-la, de maneira alguma. Nós não vamos concordar com isso jamais. Esse tipo de crime vem acontecendo muito com as mulheres. Os homens terminam um relacionamento hoje e amanhã já estão com outras mulheres. Quantos casos que a gente vê de mulheres que fazem isso? Nós não podemos de maneira alguma minimizar essa situação e dar qualquer tipo de credibilidade a um absurdo desse. De qualquer forma ele  está errado. Não tem como uma pessoa dessa estar certa”, argumenta.

Rosana afirma que após a Lei Maria da Penha, entrar em vigor, os números de denúncias de agressões contra mulheres aumentaram. “A violência contra a mulher sempre existiu em todas as classes. Em qualquer lugar a violência contra a mulher sempre existiu. No entanto, as mulheres hoje têm um instrumento de amparo, de proteção dentro do poder público. Isso está fazendo que com elas busquem a ajuda necessária. Com isso, o número de denúncias tem aumentado”, explicou.

 

 

 

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