ONOFRE RIBEIRO
Contei neste espaço um pouco da história da composição do secretariado do governador Pedro Pedrossian (1966/1970). De certo modo ele quebrou a velha política polarizada desde 1945 nos partidos PSD e UDN.
Passada a gestão Pedrossian, veio a gestão Fragelli, que também escolheu mais técnicos do que políticos e teve uma passagem muito eficiente e respeitada. A Codemat em seu governo foi presidida pelo agrônomo Gabriel Muller, considerado à época pela revista “Realidade”, a principal do país, como “o Gigante do Pantanal”. Casualmente tenho em casa esse exemplar, que me foi doado pelo querido amigo Epaminondas Conceição, já falecido. Muller comandou a abertura da rodovia Transpantaneira, que pretendia sair de Poconé, atravessar o Pantanal e se concluir em Corumbá.
A idéia era retomar a ligação história entre Cuiabá e Corumbá, que sempre se fez pela hidrovia Cuiabá-Paraguai e daí a Mar Del Plata, na Argentina. Em Corumbá, a Transpantaneira se conectaria com a então Ferrovia Noroeste do Brasil para Campo Grande e a malha nacional, e pela hidrovia, além da rodovia BR-262, a Corumbá-Vitória. Fora isso, Cuiabá e Corumbá se integrariam efetivamente com as rodovias BR-070. BR-174, BR-364, BR 163 e com a malha rodoviária nacional.
Antes de continuar falando sobre gestão, quero recordar um pouco do amigo Gabriel Muller, falecido em novembro de 2009. De fato, um homem de grande estatura física e de uma envergadura moral e técnica invejáveis. Fui seu amigo, com muita honra. O cineasta cuiabano Joel Leão queria fazer uma documentário chamado “Universo Pantanal”, do qual eu seria o narrador ou o entrevistador de personagens e parte dos pesquisadores. Numa pick-up L-200 cedida pela Fundação Estadual do Meio Ambiente, saímos de Cuiabá pela madrugada para visitarmos a rodovia que ele coordenou a construção.
Ele recordou de curva por curva, ponte por ponte, desvio por desvio. Num certo momento a emoção tomou conta e assistimos o “Gigante do Pantanal” chorar soluçando pela obra inacabada, pela rodovia abandonada e pelo Pantanal que nunca se interligará com ninguém a não ser consigo mesmo. Joel e eu choramos junto, compreendendo o sonho do homem gigante de 74 anos revendo a sua aventura inacabada.
Mas esta é outra estória pra outro momento. O governo seguinte, de Garcia Neto também misturou secretários técnicos e políticos. Fez uma gestão renovadora durante a qual se dividiu Mato Grosso. Em sua gestão cheguei ao estado, vindo de Brasília. Já dividido o estado, o primeiro governador Frederico Campos, nomeou só técnicos de primeira qualidade. Tomo a liberdade de citar só um, porém, respeitando todos os demais: Ivo Cuiabano Scaff, filho do legendário Hid Scaff, da navegação histórica Cuiabá-Corumbá.
Vou precisar voltar ao assunto. Espichou muito.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
[email protected]
www.onofreribeiro.com.br
Julio THKR 03/12/2014
...além de certo e sensato, é Inteligente a Política onde os Secretários, Ministros, Deputados e até mesmo Vereadores sejam pessoas que sabem o que deve ser feito e como fazer ou ao menos formar uma equipe de "CAPAZES" habilitados desde a análise de solução até execução de cada ação, seja ela Lei, Obra ou o que for...
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