APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O PIB de Mato Grosso deve registrar uma queda de R$ 648 milhões em razão do tarifaço do governo dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros em 50%. O montante equivale a 0,21% do Produto Interno Bruto estadual. A informação consta em um relatório da Confederação Nacional das Indústrias, divulgado nesta semana e que leva em consideração os números da economia brasileira até julho deste ano.
Entre os estados brasileiros, Mato Grosso é o 16º que mais exporta para o país de Donald Trump. Os 415 milhões de dólares exportados em 2024 equivalem a 1,5% de tudo o que sai de Mato Grosso para os destinos no exterior.
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Na análise do economista Vivaldo Lopes, o maior prejudicado com o tarifaço foi o agronegócio brasileiro. E, em Mato Grosso, o setor de carne bovina em específico.
“Os produtos que Mato Grosso exporta continuaram tributados, Mato Grosso é afetado. Por outro lado, essas exportações de Mato Grosso representam só 1,5% das exportações. Portanto, não vai afetar a economia de Mato Grosso, mas vai atrapalhar alguns setores específicos. [Frigoríficos como] Marfrig, JBS e Minerva provavelmente vão reduzir parte das suas produções nas suas plantas industriais”, explicou.
“E se vão reduzir a produção nos seus frigoríficos, vão comprar menos gado dos fazendeiros, dos pecuaristas, portanto afeta setorialmente, mas, em termos gerais, quase não afeta nada a economia de Mato Grosso”, avalia.
Em Mato Grosso, os primeiros sinais de que as coisas devem tomar esse rumo foram a paralisação das atividades na unidade da Marfrig em Várzea Grande e a sinalização do sindicato que representa os frigoríficos de Mato Grosso de que as empresas que exportam devem colocar os trabalhadores em férias coletivas.
Por meio de nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) explicou que a nota tarifa de 50% será somada aos 26,4% que já existem no país de Donald Trump sobre a carne brasileira, totalizando 76% de impostos. Para a entidade, isso inviabiliza a exportação de carne para o país.
“A entidade está em diálogo com os importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada”, diz a nota. “A ABIEC seguirá atuando de forma propositiva, em parceria com o setor público e os importadores, para preservar a competitividade da carne bovina brasileira, assegurar previsibilidade aos exportadores e contribuir com o equilíbrio do comércio internacional e da segurança alimentar global”, conclui o posicionamento.
Apesar disso, o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), está otimista. É que o setor vem investindo em uma “pulverização” do mercado, que atualmente já conta com 77 mercados consumidores ao redor do mundo.
Conforme os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nos primeiros seis meses de 2025, os produtores do estado exportaram 368,8 mil toneladas de carne bovina. Isso representa um aumento de 5,7% comparado com o mesmo período do ano passado.
A China ainda é o principal destino da carne de Mato Grosso, comprando 49,5% de tudo o que é exportado. Os EUA aparecem na sequência, com 7,2%. Outros mercados relevantes incluem Chile, Rússia, Egito, Filipinas, Arábia Saudita, México, Itália, Espanha, Israel, Líbano, Holanda, Albânia e Turquia.