MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
A criança indígena de 6 anos, retirada irregularmente de sua tribo pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, era de uma terra indígena do Parque do Xingu, no norte do Mato Grosso. O caso veio à tona nesta quinta-feira (31), após reportagem da Revista Época desta semana.
A região do parque onde a menina foi retirada fica próximo às cidades de Paranatinga, Feliz Natal, Querência e Gaúcha do Norte. A reserva do Xingu conta com 1,6 mil de hectares e é distribuída em 12 cidades que abrangem a região Norte e Nordeste de Mato Grosso. O fato aconteceu há 15 anos.
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Hoje índua Kajutiti Lulu Kamayurá tem 20 anos e Damares apresenta a jovem como sua filha adotiva, mas ela já admitiu em entrevista à TV Globo, que a adoção nunca foi formalizada.
“Chorei e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?”, disse uma indígena entrevistada pela revista.
Segundo os índios, Lulu foi levada por uma amiga e braço direito de Damares, Márcia Suzuki, sob o pretexto de fazer um tratamento dentário na cidade. No entanto, a criança nunca mais voltou para a aldeia.
“Chorei e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?”, disse uma indígena entrevistada pela revista.
A reportagem da Época detalha que Márcia fundou, junto com a ministra, a ONG Atini, que tem como proposta salva crianças indígenas do infanticídio.
“Márcia veio na Kuarup (festa tradicional em homenagem aos mortos), olhou os dentes todos estragados (de Lulu) e falou que ia levar para tratar”, contou à Época Mapulu, pajé kamayurá e irmã do cacique.
Ao responder os questionamentos da revista, Damares disse que família biológica de Lulu a visita periodicamente.
Ao ser questionada porque a criança não voltou para a aldeia, após o tratamento dentário, a ministra, segunda a reportagem, afirmou que Lula já fez várias visitas ao Parque Xingu, nos último anos.
A revista também perguntou sobre a adoção ilegal, mas o tema foi ignorado por Damares.
De acordo com a Época, a adoção de uma criança indígena precisava ser analisada pela Justiça Federal e comum. O processo também depende da avaliação da Fundação Nacional do Índio.
(Com informações da Revista Época)
Outro lado
Índia diz que filha adotiva de ministra Damares foi levada de tribo irregularmente