CELLY SILVA
DA REDAÇÃO
Faz parte da cultura do brasileiro viver como se não houvesse amanhã, ser imediatista. E isso se reflete diretamente na questão financeira das pessoas, o que fica mais evidente nesse período de transição entre um ano e outro.
“É uma cultura do brasileiro de consumir de forma desorganizada”. Esta é a conclusão do economista e educador financeiro Edisantos Amorim, que, em entrevista ao , deu dicas para quem tem como meta para 2017 começar a poupar dinheiro e se livrar das dívidas.
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“Primeiro, você tem que analisar qual conta está pesando mais, dando mais dor de cabeça. Dívida não se sai pagando sem planejamento”, ensina Amorim.
O economista lembra que a longevidade da população tem aumentado e que é preciso, sim, planejar o futuro.
“As pessoas são muito imediatistas, vivem pela máxima ‘o amanhã a Deus pertence’. Mas, se não planejar, gasta todo o dinheiro. O mês de janeiro já começa com desespero, pedindo dinheiro para o banco, mas esquece que, em fevereiro, para quem gosta de Carnaval, também é outro gasto. Se endivida novamente. As pessoas começam a acordar de março em diante”, afirmou o consultor financeiro.
Para começar a sair desse ciclo de dívidas que vão se renovando a cada ano, Edisantos explicou que o fim de ano é o período propício para se livrar desse problema. Isso porque as pessoas recebem o 13º salário e, às vezes, as férias remuneradas.
Aliado a isso, o próprio comércio e instituições financeiras estão mais abertos às negociações, já que precisam fechar o balanço anual.
“É você quem está com o dinheiro na mão, quem está com o poder da barganha, você tem que saber negociar, pedir desconto, fazer uma oferta de pagamento a vista”, aconselha.
Como se livrar das dívidas
O economista ensina que o melhor a fazer é, antes de tudo, ter calma e pensar qual conta pagar primeiro, no caso de serem muitas, pois usar todo o dinheiro para quitar dívidas, além de ser frustrante, não resolve o problema.
“Primeiro, você tem que analisar qual conta está pesando mais, dando mais dor de cabeça. Dívida não se sai pagando sem planejamento”, ensinou Amorim, que acrescentou dizendo que, geralmente, as piores dívidas são aquelas que têm juros mais altos.
Saiba negociar
O educador financeiro explicou que é preciso usar todo o potencial de barganha e negociação para não só se livrar das dívidas, mas também economizar pagando.
Segundo ele, o melhor é quitar as dívidas à vista porque essa opção dá a oportunidade do devedor pedir desconto e até isenção de juros e mora.
“É você quem está com o dinheiro na mão, quem está com o poder da barganha. Você tem que saber negociar, pedir desconto, fazer uma oferta de pagamento a vista”, aconselhou.
E quem não sabe barganhar?
Para Edisantos, barganhar, pedir desconto, buscar o menor preço deve se tornar um hábito na vida de quem pretende acumular dinheiro.
Mas ele observou que muita gente tem vergonha de pedir desconto. Nesse caso, é preciso deixar o orgulho de lado.
“A melhor coisa é pagar primeiro a dívida que tem mais juros atrelados. É o primeiro passo. Após pagar essa dívida, você vai analisar quanto ainda te sobra. Parte do que te sobrar, ainda dá para destinar uma parte para as festividades de final de ano".
“Quanto tempo já passou da sua dívida? É hora de você valorizar o seu dinheiro. No final de ano, o comércio é sensível, as próprias instituições financeiras, os lojistas já estão dispostos, já fazem campanhas e até reabilitam o crédito. Se já existe uma campanha para que eu vou ter vergonha? Assim eu atrapalho a campanha”, disse.
Segundo o consultor, em compras simples do cotidiano é possível economizar com simples ações.
Ele observou que grandes redes de farmácia, por exemplo, já estão preparadas para dar o chamado “desconto de balcão” que é de até 5%.
“Se você não pede, você já perdeu 5% de desconto. E se você quer pagar com dinheiro à vista, você pode pedir um desconto maior. Aí, já vai para o gerente, que pode dar um desconto maior”, afirmou.
Em último caso, o economista avaliou que, se a dívida for muito alta, às vezes, compensa pagar alguém para negociar por você ou pedir para lhe ensinar e negociar.
“Dependendo do valor da dívida, sai mais barato contratar um profissional. Contrata-se um consultor financeiro que vai te dar todas as dicas, todas as orientações necessárias para você não sair gastando seu dinheiro de qualquer jeito”, orientou.
Método para economizar
Edisantos Amorim disse que, para gerenciar sua renda de forma eficaz, utiliza o método 50 – 30 – 20, que consiste em designar porcentagens específicas para cada necessidade.
Dessa forma, 50% são o valor destinado para as chamadas despesas fixas, que são as contas de aluguel, condomínio, energia, água, internet, telefone, prestações de financiamentos. “Eu chamo de contas obrigatórias aquelas que você tem que pagar”, disse.
Outros 30% devem ser utilizados para as despesas não obrigatórias, como entretenimento, lazer, roupas, calçados e outros gastos eletivos. “São aqueles gastos que você consegue cortar quando o orçamento pesa”, explicou Amorim.
A parcela menor, de 20%, deve ser destinada para um fundo de reserva. “É essa previsão de poupar agora para comprar no início do ano, é você forçar ter uma caderneta de poupança para algum gasto emergencial, para você sempre ter dinheiro”, esclareceu.
A ideia dessa divisão de recursos é fazer com que as pessoas consigam cumprir suas obrigações tenham qualidade de vida e ainda estejam preparadas para qualquer emergência. “Esse é um formato para qualquer um se adaptar”, disse.
Ele destacou ainda que, para o método funcionar, é preciso seguir uma prioridade, que é pensar no futuro.
“Primeiro, você pega o seu orçamento, reserva 20% e guarda, igual os dizimistas fiéis fazem. Mesmo que esteja endividado”, ensinou o economista.
Como usar o 13º
Edisantos Amorim explicou que o método 50 – 30 – 20 também pode ser usado com o 13º salário, tendo em vista que não se trata de uma renda extra que o trabalhador pode usar da forma como quer.
Isso porque, atualmente, o salário é corroído pela inflação, ou seja, não acompanha as taxas de juros, e o 13º vem para complementar essa defasagem.
“Geralmente, esse dinheiro vem menor porque já está comprometido”, disse.
No caso de quem tem dívidas para pagar, o método 50 – 30 – 20 pode ser invertido com o 13º.
“A melhor coisa é pagar primeiro a dívida que tem mais juros atrelados. É o primeiro passo. Após pagar essa dívida, você vai analisar quanto ainda sobra. Parte do que sobrar ainda dá para destinar uma parte para as festividades de final de ano e presentes e a outra parte guardar na poupança”, recomendou.
O dinheiro que ficar guardado deve levar em consideração os gastos do início do ano com impostos como IPTU e IPVA, além de gastos com material escolar e matrícula, no caso de quem estuda ou tem filhos em idade escolar.
“O ideal é a pessoa fazer uma previsão de quanto vai precisar em dinheiro. Nem sempre as escolas fornecem a lista com antecedência. Mas, no caso do IPVA, eu sei que a alíquota é 4% do valor do veículo. Então, a pessoa pega o valor do veículo na tabela FIP, calcula 4% em cima disso e reserva aquilo. Agora, quem não tem noção de preço, tem que se basear mais ou menos no que gastou no ano anterior e calcular 10% a mais”, disse.
O economista também afirmou que outra forma de usar de forma adequada o 13º é dividindo pela metade, deixando 50% para os gastos de final de ano e outros 50% para os gastos do início do ano. Como usar o cartão de crédito.
Existe ainda uma terceira via para quem possui cartão de crédito, que é não gastar mais o limite neste ano e deixá-lo disponível para começar 2017. Ou seja, usa o dinheiro para fazer as compras do final do ano e deixa o cartão disponível para o ano que vem.
“O cartão de crédito é uma ferramenta que, sabendo usar, é benéfica. Se o limite é maior, você tem que pedir para colocar um limite que caiba no seu orçamento. Estando dentro do seu orçamento e você pagando todo mês de forma integral, ele dá benefícios como milhagens e acumula pontos. O ruim é quando você começa a entrar no rotativo... Aí, não vale a pena, é melhor você quebrar, jogar fora porque desse jeito não presta”, afirmou Amorim.
Programe-se para os gastos de final de ano
No final de ano, surgem despesas como festas, confraternizações, ceia de Natal, amigo oculto, roupas, entre outros. Planejamento é a palavra-chave na hora de ir às compras, nesse momento em que as pessoas estão mais entusiasmadas.
No caso dos presentes de Natal, Edisantos dá como dica definir tetos para cada presente e sair de casa somente com esse valor, para impedir acima do estipulado.
“Por exemplo: o meu presente não vai passar de R$ 100 e eu vou comprar presente para três pessoas. Então já vou sair com R$ 300. Não vou gastar um centavo a mais”, disse.
Para as compras da ceia, tanto do Natal como do Ano Novo, o economista orienta sempre levar uma lista e uma calculadora para o supermercado, além de fazer as compras com antecedência, pois, quanto mais se aproxima a data comemorativa, mais os preços aumentam.
Quem está com o orçamento apertado também pode fazer adaptações no cardápio.
“A pessoa quer comprar um peru para o Natal pela tradição. Mas tem o chester, tem as outras aves cujas qualidades são excelentes e o valor agregado chega a ser até 30% mais barato”, competou.
Assista à entrevista do economista Edisantos Amorim:
Cleber 27/12/2016
Edisantos têm razão temos que poupar, pesquisar e pedir descontos , pois o mercado financeiro está muito audacioso, cobrando juros exorbitantes... Temos que valorizar o nosso dinheiro.
1 comentários