ANDRÉA HADDAD
A uma semana da eleição à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso (OAB-MT), os dois principais candidatos, Maurício Aude e José Moreno, trocam farpas. Concorrendo pela Chapa 2, A OAB é Muito Mais, Moreno rebateu a declaração do presidente da Ordem, Cláudio Stábile, de que não é oposição por ter atuado nas gestões de Ussiel Tavares e Francisco Faiad. “O discurso do Stábile é vazio, quem é o candidato apoiado por Stábile é o Maurício Aude, logo ele é o candidato da situação. Falácia é dizer que não sou candidato de oposição”, reage Moreno.
Ele diz que contribuiu de forma positiva com a OAB-MT ao atuar na diretoria da Caixa de Assistência aos Advogados (CAA) ao longo da gestão de Ussiel Tavares e, depois, no posto de conselheiro estadual nas duas gestões de Faiad. “Não vejo isso de forma negativa, tive a experiência necessária que, aliada a outros atributos, me permitiram pleitear cargo de tamanha responsabilidade na Ordem”, sustenta.
Moreno contrapõe Stábile ao declarar que deixou o grupo de situação por divergências com a então diretoria, comandada por Faiad. O candidato alega ter migrado para o grupo de João Vicente Scaravelli à época por repudiar o direcionamento na escolha dos cargos e uso da máquina em favor da própria candidatura de Stábile.
“Foram pontos decisivos para que eu rompesse com o grupo. Passei a fazer oposição na segunda gestão do Faiad, na época em que era conselheiro, há lá manifestações contrárias à utilização da Ordem, uso da máquina em prol do Claudio Stábile, uma coisa que desde aquela época repudiávamos. Disse isso ao próprio Stábile em sessão do conselho estadual. O projeto dele era ser desembargador, na época houve a escolha pela Quinto Constitucional e o doutor Luiz Ferreira foi quem conseguiu galgar o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça”, relata Moreno.
Segundo ele, depois de Stábile ser escolhido candidato de situação, em 2009, passou a ser diretor da Escola Superior de Advocacia (ESA) e a fazer palestras em todo o Estado. “O que mostra um direcionamento da campanha em prol do candidato da situação. Foi uma das denúncias que eu fiz”, frisa o adversário.
Moreno elogia a primeira gestão de Faiad, mas pondera que depois os grandes escritórios de advocacia passaram a comandar a entidade. “A eleição do Faiad representou uma quebra de paradigma, ele era considerado a mudança por não ser um medalhão da advocacia, isto nos incentivou, tanto que vejo a primeira gestão dele com muitos acertos, os problemas aconteceram na segunda gestão, onde a partidarização da ordem, a política classista feita com interesses pessoais por parte da diretoria, a indicação de cargos da ordem dos advogados sem a anuência do Conselho Estadual, ou seja, algo que era feito de forma direcionada e sem exposição, sem o crivo do Conselho Estadual, foram pontos decisivos para que eu rompesse com o grupo há mais de 4 anos”, relata.
Sobre a proposta de apresentar as contas da Ordem em audiências públicas, Moreno pondera que se trata de uma inovação e não de críticas ao modelo empregado. “Iremos inovar, continuaremos a fazer na forma da lei, que é a aprovação pelo Conselho Seccional, depois homologação pelo Conselho Federal, mas nós iremos também apresentar isso em grandes assembleias gerais e a advocacia tem recebido bem este projeto”, reforça.
Moreno também refuta a declaração de Stábile de que há mais de 60% de renovação na chapa de Aude. “Criticamos o grupo e não pessoas, o grupo criou raízes e isso é temerário para a democracia. A renovação de mais de 60% não é verdadeira, os nomes novos se devem ao acréscimo de pessoas nas chapas, que passou de 65 para 84”.
O candidato da oposição também nega ser contra a militância política de advogados, a exemplo de Faiad, militante histórico do PMDB, mas pondera que a prática não pode deixar o gestor sem independência para criticar órgão e entidades. Nesta eleição, Faiad concorreu sem êxito a vice-prefeito de Cuiabá na chapa encabeçada pelo petista Lúdio Cabral. Após a derrota, retornou ao posto de conselheiro federal da Ordem.
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