ALFREDO DA MOTA MENEZES
Duvido que tenha um prefeito eleito que tenha tanta chance de sair-se bem como o Wallace Guimarães em Várzea Grande. Se não fizer besteira, se tocar o barco sem marolas, como a coisa se apresenta ali, qualquer um com um mínimo de bom senso se daria bem.
Aos fatos. No lado político a família Campos perdeu a terceira eleição seguida. E com candidatos como Júlio e Lucimar Campos. O eleitorado de fora mudou o quadro eleitoral dali. É, como se diz, o Cristo Rei venceu a Couto Magalhães.
Encabula a família Campos não atentar antes para isso. Frente à nova realidade, a pressão política da família em cima de qualquer eleito não deve ser mais a mesma.
Em segundo lugar, para beneficiar o novo prefeito, as administrações Murilo Domingos e do Tião da Zaeli foram calamitosas. Se não deixar a coisa desandar, na comparação entre o antes e o depois, o Wallace se beneficia sem fazer esforço extra. Só aproveitando o que a circunstância e a conjuntura lhe ofereceram de graça.
Em terceiro lugar, o Wallace está na prefeitura no momento em que há uma clara tendência de V. Grande deslanchar com apoio da iniciativa privada e do setor público federal e estadual. O boom imobiliário que tomou conta de Cuiabá começa a pular a ponte.
Prédios agora poderão ali ser erguidos porque, absurdamente, só recentemente é que foi aprovada uma lei para isso. Surgirão bons condomínios também.
A nova ponte sobre o rio Cuiabá e que passará atrás do bairro Santa Rosa vai fazer ser mais curto vir de V. Grande do que do Coxipó. V. Grande não tinha nem Shopping Center ou cinema. Agora é que vai ter. E talvez também uma rodoviária.
Além disso, a cidade receberá um monte de obras da Copa, aeroporto ampliado, vias, trincheiras, pontes, desvios rodoviários, casas, estádio de futebol (com 250 mil habitantes não possuía um estádio). E receberá ainda todo o parque tecnológico do estado, incluindo este setor da UFMT.
Uma cidade que possui a terceira arrecadação do estado e não tem pontes e estradas para serem arrumadas na zona rural. Uma cidade que está na beira do rio Cuiabá e não tem sistema de água adequado.
Em que dirigentes se satisfaziam em entregar poços artesianos para a população.
Várzea Grande tem o segundo eleitorado do estado. O que quer dizer que é apetitosa para emendas de parlamentares. Uma cidade dessas não ser um brinco ou referência em saúde e educação é incompreensível.
Se o Wallace conseguir levar água para cidade através do PAC, pagar as contas da prefeitura e pintar meio fio, já sai ganhando.
O novo quadro político e eleitoral no município, mais o legado negativo dos prefeitos anteriores e ainda os benefícios que levarão à iniciativa privada e ao setor público, faria qualquer um que esteja na cadeira de prefeito, se não for o suprassumo da incompetência, dar-se bem.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário e articulista político em Cuiabá. [email protected]