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Cuiabá, 17 de Março de 2025
17 de Março de 2025

27 de Fevereiro de 2013, 08h:47 - A | A

OPINIÃO / GABRIEL NOVIS NEVES

Atitude

Numa cidade pobre como Cuiabá, se o exemplo não vier de cima, adeus legitimidade para governar e legislar

GABRIEL NOVIS NEVES



Neste início de governo, Mauro demonstrou que veio para administrar Cuiabá. Claro que não conseguirá, em quatro anos, resolver todos os históricos e crônicos problemas de uma cidade de quase trezentos anos.

Encarou e assumiu o problema da nossa saúde pública, mesmo sofrendo cortes de recursos do governo federal; mobilizou a limpeza da cidade priorizando os lugares criadores do mosquitinho da dengue. Não aceitou o absurdo aumento do seu salário, deixando em aberto o exemplo a ser seguido pela valorosa Câmara dos Vereadores, que optou pelo robusto aumento nos seus vencimentos.

Numa cidade pobre como Cuiabá, se o exemplo não vier de cima, adeus legitimidade para governar e legislar.

Ao procurar o governo do Estado para se inserir no preparo da cidade para o maior evento esportivo do planeta Terra, quis dizer, com essa atitude, que não ficaria na janela vendo a banda passar, como na marchinha do Chico Buarque, imortalizada na voz da Nara Leão.

Até então, a prefeitura não participava dos processos decisórios sobre a destruição da cidade para as prometidas obras da FIFA.

Para iniciar o seu trabalho de zelar pelo futuro da nossa cidade, Mauro demonstrou muita habilidade ao trazer para compor o seu secretariado dois ex-diretores da antiga Agência, hoje Secretaria da Copa.

Agora não dependerá mais de informações oficiais do governo do Estado para saber se o cronograma e planejamento das obras estão sendo cumpridos e, o mais importante, se há recurso disponível.

Os repasses do governo federal para Cuiabá minguou. De vez em quando pinga um dinheirinho para o puxadinho do nosso Aeroporto Internacional.

Os empréstimos bancários também não são obedientes aos seus cronogramas.

A prefeitura jamais poderia ficar marginalizada das decisões, pois os reflexos dessas escavações nas avenidas comerciais interferem, inclusive, na arrecadação de impostos do pobre município.

A Copa não será realizada no Estado, para desespero de muitos, e sim, na capital eterna de Mato Grosso.

Esses dois auxiliares, um nas Obras e outro na Secretaria de Esportes, em época de Copa do Mundo, disponibilizarão ao prefeito informações privilegiadas. Assim ele terá condições de entender as várias decisões tomadas pelo Estado, como a mudança do modal BRT, com orçamento já aprovado pelo governo federal, para o caríssimo VLT, de estranha história até hoje não esclarecida.

A Copa é de Cuiabá. A responsabilidade pela cobrança do embelezamento da cidade é dever da prefeitura, que viu o seu território ser esquartejado pelas obras do campo do futebol, alargamento de algumas avenidas e a instalação das trincheiras.

Programado ainda o trajeto do polêmico VLT, cortando todo o centro comercial de Cuiabá e colaterais (Coxipó).

O turista que nos virá visitar precisa encontrar uma cidade bem tratada, com o seu Centro Histórico revitalizado, seus monumentos, pontos turísticos atrativos e as belezas das nossas ruas, becos e ladeiras - com os seus apelidos -, totalmente restaurados.

Para uma arrumadazinha nos teatros, bibliotecas, museus, zoológicos, praças e jardins, a prefeitura deverá cobrar dos organizadores do evento, e colocar-se como parceira.

O turismo externo do nosso município é obrigação dos organizadores da Copa.

Sinceramente, não esperava tanta audácia prematura do prefeito, que elegeu como prioridade máxima do seu mandato resolver o cruciante problema da nossa saúde pública.

Dizem que no primeiro mandato o governante só pensa na sua reeleição, e as manguinhas de fora são para o segundo mandato.

Pelo menos por aqui, nessa espúria reeleição, tem funcionado assim.

Conhecemos melhor os nossos governantes durante o seu segundo mandato.

Acertou na mosca, prefeito! Obras e esportes serão muletas para este período.

Além do acerto administrativo das escolhas, espalhou farofa no tabuleiro político, né?

Só falta ao prefeito perder menos tempo com os políticos e ouvir mais o povo.

Este sabe o caminho das pedras para uma boa administração.

GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

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