G1
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, determinou nesta terça-feira (18) ao Banco Central a quebra do sigilo bancário de 15 dos 23 presos da nova etapa da operação policial. Entre os suspeitos que terão as contas bancárias devassadas estão o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e executivos de algumas das principais empreiteiras do país.
O magistrado também ordenou que a autoridade monetária envie à Justiça Federal do Paraná os dados bancários do lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
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A PF tentou ouvir nesta segunda cinco executivos e funcionários da construtora OAS. Todos ficaram calados durante a audiência por orientação de seus advogados, que alegaram não ter acesso aos documentos relacionados à investigação.
O advogado Pedro Henrique Xavier, responsável pela defesa do diretor da Galvão Engenharia Erton Medeiros Fonseca, afirmou ao G1 nesta terça que seu cliente confirmou ter pago propina ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Segundo relato do criminalista, Fonseca disse aos delegados federais que pagou o suborno sob ameaça do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Xavier, no entanto, não detalhou para qual diretoria da petroleira a propina era paga.
A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos, nesta sétima etapa, 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.
Conforme balanço divulgado pela PF, 23 pessoas foram presas. Também foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Foram expedidos ainda nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis.
Veja os nomes dos suspeitos e das empresas que terão as contas bancárias devassadas:
Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente de Engenharia Industrial da Galvão Engenharia
Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras
Ildefonso Colares Filho, ex-diretor-presidente da Queiroz Galvão
Othon Zanoide de Moraes, diretor-executivo da Queiroz Galvão
Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", lobista apontado como operador da cota do PMDB no esquema de corrupção
Valdir Lima Carreiro, diretor-presidente da IESA
Dalton dos Santos Avancini, presidente da Camargo Corrêa
Walmir Pinheiro Santana, responsável pela UTC Participações
José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da OAS
Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da Camargo Correa
Sérgio Cunha Mendes, diretor-vice-presidente-executivo da Mendes Junior
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente da Área Internacional da OAS
Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da UTC
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix