DO REPÓRTERMT
A onda de ameaça de massacres em escolas tem aterrorizado o país inteiro nesses últimos dias e a psicóloga Eliane Fernandes alerta aos pais sobre os riscos de que crianças e adolescentes participem de jogos violentos que possam incentivar assassinatos e até mesmo desafios de matança.
“Tem que observar os filhos e isso não é violar a privacidade deles. Hoje o ambiente social das crianças é nas telas. Precisa ver o que estão postando, o que estão curtindo, quais são os interesses dessa criança ou adolescente, quais são os jogos que estão jogando. Muitos ataques podem ser consequência de um jogo que pontua quanto mais pessoas o participante matar. Os pais precisam saber que as crianças têm acesso a isso na internet”, destacou.
A especialista aponta que muitos pais não se atentam sobre quais os jogos os filhos estão jogando e usa como exemplo o GTA, que é indicado para maiores de 18, mas é comum ver crianças jogando, sendo que o enredo dele passa por temas como violência, assassinato, drogas, roubos (como o próprio nome já induz), insinuação sexual, entre outros e muitas vezes os pais nem tem noção disso porque nunca observaram o teor.
O risco, segundo ela, é que com essa prática constante as crianças e adolescentes passem a normalizar os assassinatos e mortes em geral, porque tudo que acontece no jogo é tido pela nossa mente como real.
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“Então o prazer da conquista, de você ter conquistado uma missão, ele emocionalmente é vivenciado, libera dopamina, serotonina, endorfina, um monte de substâncias, quando ela joga e ganha o jogo, faz a tarefa que tinha que fazer. A criança tem dificuldade para lidar com a seriedade das consequências do que ela faz”, explica.
A psicóloga pontua que as crianças não têm esse “filtro” porque o processo cognitivo delas ainda não está completo e por isso não têm o discernimento real do que é certo e o que é errado.
“Isso ocorre também no ambiente virtual, então as pessoas com as quais elas se vinculam é uma preocupação muito grande”, observa.
Eliane também pontua que os pais precisam buscar saber sobre como é o ambiente escolar que seus filhos vivem, se são isolados, se sofrem bullyng.
Ainda sobre o temor dos ataques, ela ressalta que os pais precisam ter uma conversa tranquila e esclarecedora com seus filhos sobre medidas de segurança e até mesmo como agir caso algo ocorra. É preciso alertar às crianças e adolescentes que eles não devem reagir, mantendo o cuidado para não gerar pânico ou histeria coletiva.
Quanto às crianças menores, a especialista indica que o melhor é protege-las do sensacionalismo que ocorre sobre massacres.
Eliane também indica que em ambiente escolar as unidades promovam rodas de conversa com temáticas variadas, na busca de trazer o diálogo como maneira de reduzir o sofrimento psicológico e aumentar o vínculo afetivo entre crianças e adolescentes e estimular a confiança.