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Cuiabá, 20 de Março de 2025
20 de Março de 2025

22 de Setembro de 2014, 09h:40 - A | A

GERAL / TANGARÁ DA SERRA

Piloto salvo dos destroços de aeronave por empresária morre na UTI

Ele foi retirado pela empresária Silvana Maria Varnier, dos destroços do monomotor que pilotava modelo Cessna. A aeronave caiu no aeroporto do Gastão, em Tangará da Serra, no último dia 7 de setembro.

JOÃO RIBEIRO
DA REDAÇÃO



Após exatos duas semanas internado, o piloto Reginaldo Souza Oliveira, de 31 anos, morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de um hospital particular do município de Tangará da Serra (240 km de Cuiabá). Ele foi retirado pela empresária Silvana Maria Varnier, dos destroços do monomotor que pilotava modelo Cessna. A aeronave caiu no aeroporto do Gastão, no último dia 7 de setembro.

A empresária ainda salvou o filho, Ernesto Sérgio Varnier, de 31 anos, que sofreu leves lesões no pescoço. Já o marido dela, Sérgio Evaristo Varnier, de 54 anos, morreu preso nas ferragens da aeronave.

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O corpo do piloto está sendo velado na Capela Santa Cruz e deve ser sepultado ainda nesta segunda-feira (22), às 15h, no Cemitério Jardim da Paz, no município.

Uma equipe do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronaúticos (Seripa-VI), órgão ligado a Aeronáutica investiga as causas da queda. A instituição já retirou os destroços do local.

A QUEDA

Por volta das 13h30 do domingo (7) testemunhas disseram aos agentes da Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) que flagraram o momento que o avião estava rodopiando de 'bico' e perdendo altitude rapidamente, quando teria atingido um fio de alta tensão em um poste de luz e se chocando contra o solo.

RELATO DRAMÁTICO

Silva contou ao jornal Folha de São Paulo contou como fez para retirar o filho e o piloto dos destroços, antes da explosão, que matou o marido.

No relato dramático, a empresária explicou que estava no aeroporto com a filha de 20 anos, esperando o marido e o filho chegarem de uma viagem da Alemanha. Já que a residência da família estava distante do local.

Durante a espera, a mulher presenciou a queda da aeronave e rapidamente entrou no carro com a filha, que ainda estava com a perna quebrada, se dirigindo ao local rapidamente.

Ao chegar no local dos destroços,  Silvana conta que conseguiu retirar o filho que teve uma leve lesão no pescoço e o piloto que está internado foi operado e está na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital na cidade.

Segundo Silvana, não foi possível salvar o marido porque um pedaço do motor da aeronave estava em cima da perna do homem. “O motor do avião caiu nas pernas dele e prensou e eu não consegui... O fogo vinha muito rápido, eu nem pude ficar muito perto para tentar, porque daí tinha o risco da explosão. Estávamos nós duas ali (filha e mãe). E daí, em seguida, o avião explodiu com ele (Sérgio) dentro”, explicou em um trecho.

Como a equipe de resgate ainda não tinha chegado, Silvana colocou o filho no carro e o levou para o hospital.

Para Silvana, o instinto de mãe a fez salvar o filho da morte. “Na hora você tem o instinto, você pensa em nada, você vai. Até começaram a gritar que eu tinha de sair de perto do avião senão eu ia explodir junto, mas na hora você não pensa nada. Você pensa em salvar a família. Nem raciocinei”, destacou.

CONFIRA O DEPOIMENTO NA ÍNTEGRA

Estava esperando meu marido e meu filho no aeroporto. Eles estavam chegando de uma viagem à Alemanha, de um encontro da Bayer. Nossa família planta algodão e soja, e o Ernesto já trabalha na empresa.

Eles chegaram em Guarulhos (SP), pegaram o voo até Cuiabá e, de Cuiabá, eles vieram com o avião da nossa empresa, um avião particular. Sempre voavam, estavam acostumados a voar nas fazendas. O Ernesto é meu filho do meio. Tenho mais três filhas.

Eu sempre os espero no aeroporto porque fica longe da casa. Eles já estavam fora havia uma semana. Era comum esse tipo de viagem.

Aquele foi um dia normal, quente, como sempre, não teve nada de diferente. A gente não tem ideia de como aconteceu o acidente. Simplesmente eu estava lá esperando e a aeronave caiu.

Estávamos só eu e a Suellen (filha) no aeroporto (à espera de passageiros). E fomos nós que corremos para lá.

Eu corri com o carro, eu e a Suellen, que tem 20 anos e estava com a perna quebrada. Eu socorri, nós ajudamos. E meu marido ficou...

O motor do avião caiu nas pernas dele, prensou e eu não consegui... O fogo vinha muito rápido, eu nem pude ficar mais muito perto para tentar, porque daí tinha o risco da explosão.

Não tinha extintor, não tinha ninguém por perto. Estávamos só nós duas ali. E daí, em seguida, o avião explodiu com ele dentro.

O Ernesto até conseguiu descer um pouco (do avião), aí eu puxei ele, ajudei, o amparei. Ele estava do outro lado, porque o avião tombou meio de lado, então conseguiu sair.

Corri com ele para o hospital. Não esperei nada, porque a ambulância, o SAMU, demorou para chegar.

O risco de hemorragia era grande. Porque o meu marido, bem dizer, já estava pegando fogo, não tinha mais o que fazer por ele.

Na hora você tem o instinto, você não pensa em nada, você vai. Até começaram a gritar que eu tinha de siar de perto do avião senão eu ia explodir junto, mas na hora você não pensa em nada. Você pensa sem alvar a família. Nem raciocinei.

A gente sabe o que é uma queda de avião. É impossível alguém sair vivo.

E meu filho conseguiu sair, ele só teve uma lesãozinha no pescoço, mas está caminhando normalmente. Foi um milagre ele ter saído vivo. 

O piloto foi operado, está na UTI. No hospital, até fiquei inteira, como se diz, porque eu queria ajudar meu filho. Para dizer a verdade, ainda não caiu a ficha (da morte do marido). Não é fácil.

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