CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
Médicos terceirizados da empresa Hipermed, que atuam na observação pediátrica do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), ameaçam paralisar as atividades a partir do dia 3 de setembro, caso não recebam o pagamento dos serviços prestados.
Em notificação encaminhada à direção do HMC, com cópia à presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), os médicos apontam que estão sem salários desde junho.
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Ainda segundo o documento, ao qual o teve acesso, os médicos temem que, com a Operação Curare, deflagrada pela Polícia Federal no final de julho, e que teve como alvo a Hipermed e a Secretaria Municipal de Saúde, eles fiquem sem a remuneração devida.
Para solucionar o impasse, os médicos estipularam prazos específicos para os pagamentos, que se não fossem cumpridos poderiam acarretar na suspensão das atividades.
A folha salarial de junho, por exemplo, deveria ser paga até 6 de agosto. A folha de julho tinha prazo até 10 de agosto, enquanto as atividades prestadas neste mês devem ser remuneradas de forma semanal, "todas as segundas-feiras, iniciadas a partir desta data", diz a notificação.
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Os médicos ainda estipularam que, caso os pagamentos de junho e julho não fossem feitos, eles entregariam os plantões no prazo de 30 dias, "ficando sob responsabilidade da direção técnica do HMC os plantões na observação pediátrica".
Já caso os pagamentos de agosto não fossem feitos conforme a regra colocada por eles, de forma semanal, eles decidiram que poderão suspender as atividades "a qualquer momento, a partir de 03/09/21".
A notificação ainda aponta que, caso a Hipermed não quite as pendências, as internações via central de regulação de pacientes externos seriam suspensas, "admitindo-se apenas pacientes em casos de urgência e emergência". Essa medida já seria válida a partir de 11 de agosto.
Paralisados
Segundo relato de médico ao , alguns profissionais já teriam começado a paralisar as atividades.
"Para a gente não interessa que pague a empresa ou não. O que interessa é que somos trabalhadores. Já parou a pediatria, o negócio está feio. E o único hospital de referência é o HMC, porque a Santa Casa só aceita pacientes de outros municípios, praticamente", disse.
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O que diz a prefeitura
À reportagem, a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde negou que as atividades tenham sido paralisadas. Ainda, afirmou que os médicos "podem continuar trabalhando normalmente, com a segurança de que seus empregadores receberão os pagamentos por parte da Secretaria e da ECSP, que farão os repasses regulares dos serviços comprovadamente prestados".
A Secretaria ainda confirmou que dará cumprimento à decisão judicial, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso, que, no âmbito da Operação Curare, determinou a suspensão dos contratos com as empresas investigadas, entre elas a Hipermed.
Operação Curare
De acordo com a PF, a Hipermed faria parte de uma organização criminosa que montou uma espécie de cartel na Saúde de Cuiabá, por meio de fraude em procedimentos de dispensa de licitação.
Abaixo, confira a nota da prefeitura na íntegra.
A Empresa Cuiabana de Saúde Pública – ECSP informa:
-As atividades do setor de pediatria do Hospital Municipal de Cuiabá – HMC estão sendo realizadas normalmente, sem nenhum tipo de paralisação e nenhum prejuízo aos atendimentos.
-Os profissionais que prestam serviços nessas unidades podem continuar trabalhando normalmente, com a segurança de que seus empregadores receberão os pagamentos por parte da Secretaria e da ECSP, que farão os repasses regulares dos serviços comprovadamente prestados.
- Os processos para o cumprimento da decisão da justiça em relação à empresa Hipermed já estão em andamento.
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