Daniel Camargos
Repórter Brasil
Michelle Zavodini faz pose em uma lancha no mar de Santa Catarina, desfila ao sair de um avião de pequeno porte e aparece conversando com músicos da banda Barões da Pisadinha. Em seu Instagram, a influencer exibe uma rotina de festas, luxo e viagens. Desde 27 de dezembro do ano passado, porém, seu nome circula em outro contexto: ela aparece oficialmente como beneficiária do Programa Nacional de Reforma Agrária, vinculada ao Projeto de Assentamento Tapurah/Itanhangá, no norte de Mato Grosso.
A inclusão de Michelle no sistema do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi denunciada à DPU (Defensoria Pública da União) e ao MPF (Ministério Público Federal) pela Assoplan (Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Planalto). A entidade representa 70 famílias sem terra da região, acampadas há mais de dez anos à espera de um lote.
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Segundo a denúncia, acessada com exclusividade pela Repórter Brasil, Michelle não atenderia aos critérios socioeconômicos exigidos para um beneficiário da reforma agrária. A vida luxuosa exibida nas redes sociais destoaria do perfil previsto em lei para os programas do Incra, segundo a Assoplan. O documento ressalta ainda a ligação da influencer com grandes produtores de soja da região.
A denúncia cita ainda como beneficiários um fazendeiro já processado pelo próprio Incra e uma servidora da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso —por lei, funcionários públicos não podem ser contemplados com lotes de reforma agrária. Assim como Michelle, ambos tiveram seus nomes incluídos em 27 de dezembro do ano passado.
Procurado, o Incra informou que a influencer e o fazendeiro estão com o cadastro bloqueado pela autarquia e que podem ser excluídos da relação. O cadastro da servidora pública, contudo, segue ativo. Leia mais em UOL.