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Cuiabá, 13 de Maio de 2025
13 de Maio de 2025

21 de Março de 2023, 07h:50 - A | A

GERAL / PREJUÍZO E FRUSTRAÇÃO

Cerca de 30 famílias caem no golpe do curso de bombeiro mirim em Cuiabá

Ao RepórterMT, pais relataram a frustração em ter seus filhos usados para o cometimento de crime.

APARECIDO CARMO
DO REPÓRTER MT



Mais de trinta famílias foram vítimas de uma quadrilha que oferecia cursos de bombeiro mirim para crianças e adolescentes em Cuiabá. Segundos relatos de pais ouvidos pelo RepórterMT, o modus operandi era exatamente o mesmo: os cursos eram vendidos na internet, por meio de redes sociais. Os pais faziam um pré-cadastro e aguardavam ser “selecionados”.

Dois membros dessa organização criminosa foram presos na sexta-feira (17), em Sorriso. Segundo a Polícia Civil, eles atuavam em diversas outras cidades como Lucas do Rio Verde e Primavera do Leste, além de Brasília e outros municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

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Segundo relatado à reportagem, no dia 11 de fevereiro deste ano, os golpistas reuniram mais de cinquenta famílias em uma faculdade em Cuiabá, que oferece o serviço de aluguel das suas salas, onde foram apresentados ao curso. Eles alegavam ser ligados a uma empresa da área da educação chamada "Factec - faculdades, cursos e supletivos".

Ali apresentavam mil maravilhas que seriam oferecidas aos participantes. “Eles fizeram tudo isso na frente das crianças, deixaram elas maravilhadas. Trabalharam magicamente o nosso imaginário”, contou Eliane Fernandes, mãe de um garoto de 12 anos, um dos mais velhos na turma. Segundo ela, havia uma pressão para que os contratos fossem assinados naquele momento, como se pensar a respeito não fosse uma alternativa.

Segundo relato confirmado por três mães ouvidas pela reportagem, o curso era oferecido por R$ 900 no boleto, mas naquela “oportunidade”, eles poderiam adquirir a formação por valores menores: R$ 500 no cartão de crédito e R$ 450 no pix. Além disso, os uniformes eram vendidos separadamente, pelo valor de R$ 150 cada. O kit, que encantava as crianças, incluía calça, camiseta, boné e mochila. Além disso, segundo os golpistas, a cada duas compras realizadas com cartão de crédito, uma vaga seria aberta para uma criança carente participar das atividades.

Detalhe: em todos os encontros havia a pressão para que os pais que optaram por fazer o pagamento por boleto adiantassem o pagamento, porque os uniformes só seriam entregues quando todos efetuassem os pagamentos.

O que começou a chamar a atenção dos pais era que os pagamentos eram feitos em nomes de pessoas que não tinham nada a ver com o curso, como uma “Marisa”, de um salão de beleza, ou um “Tobias” de uma barbearia. Questionados, eles davam respostas evasivas, como por exemplo, que as máquinas eram emprestadas por algum problema técnico. Além disso, os pais começaram a perceber que não havia registros de turmas anteriores, todo o material de divulgação era feito com fotos de bancos de imagens da internet.

Patrícia Mahaila, mãe de uma criança de 6 anos, conta que suas suspeitas ficaram ainda maiores quando começou a perceber que todas as comunicações que eles recebiam, como sendo da faculdade responsável pela organização das turmas, tinham erros primários de Língua Portuguesa, o que era incompatível com uma empresa da área.

Dois nomes apareceram em todos os relatos ouvidos pela reportagem: Willian e João. Eles se apresentavam como os responsáveis pelo curso. Além disso, foi mencionada a participação de uma mulher que, vestida como bombeiro, foi a responsável por aplicar as atividades com as crianças.

“O porte deles, a forma de eles falarem era bem firme e aparentava mesmo ser de um bombeiro”, relatou Madeleine Barbosa.

No dia 11 de março, data da segunda aula, os pais estranharam a falta de organização, além de repetirem com os alunos as atividades, incluindo as apresentações. Nessa data, os pais acionaram a Polícia Militar, mas foram orientados a procurarem a Polícia Civil. Por pressão dos pais, nesta data foi rompido o contrato da faculdade com os golpistas.

Segundo Arthur Alcantara, pai de uma das crianças e advogado, essa é uma ação comum de estelionatários, que querem conseguir tanto dinheiro quanto for possível antes de serem desmascarados.

“O problema maior é que eles mexeram com as crianças. A ideia deles era conseguir o máximo de arrecadação”, segundo ele, os criminosos podem responder por estelionato, dano moral e dano material. A ideia dele, que está se organizando com os outros pais para acionar Justiça, é que as faculdades que alugaram salas para os criminosos também sejam responsabilizadas.

Quando os pais começaram a querer cancelar o contrato, eram encaminhados para um suposto setor de cobrança que não dava esclarecimentos para todos os pais, e quando davam esclarecimentos, diziam que era preciso pagar uma multa, equivalente ao valor dos uniformes.

Descoberto o crime, os pais só querem recuperar os valores que foram subtraídos e voltar às suas vidas normais. Fica a lição e a vergonha por ter sido vítima desse tipo de crime. “Eu me sinto constrangida por ter caído em um golpe”, resume Eliane.

As vítimas de Cuiabá têm denunciado o golpe à Polícia Civil.

Prisões em Sorriso
Um casal identificado apenas pelas iniciais W.E.P, de 29 anos e W.C.B, de 36 anos, foi autuado por estelionato e associação criminosa. No momento da prisão, eles tinham em mãos vários contratos impressos que seriam assinados pelas vítimas no fim de semana.

“Se trata de um golpe bem elaborado, em que os golpistas faziam contratos com as vítimas, e inclusive, apresentavam empresas constituídas, pessoas jurídicas inscritas na Receita Federal”, explicou a delegada Jéssica Assis.

Os criminosos foram submetidos à audiência de custódia no sábado (18) e a Justiça decretou a conversão do flagrante em prisão preventiva. Segundo os investigadores, o grupo está sendo rastreado e há indícios de que eles atuassem em várias regiões do estado, inclusive na Capital.

Resposta da Factec

A reportagem entrou em contato com a "Factec - faculdades, cursos e supletivos". Em nota, a empresa disse que era a responsável pela implantação do curso em Cuiabá, mas que está havendo uma transição da equipe gestora para uma outra instituição, "tão confiável quanto".

Veja a resposta abaixo:

Iniciamos a abertura de uma turma para este treinamento na cidade de Cuiabá-MT, onde já temos uma outra turma com a natureza semelhante do curso, que já encontra-se na metade do cronograma;

Entretanto, a administração está passando por uma transição de equipe Gestora, onde está passando do grupo FACTEC de ensino para outra instituição, tão confiável quanto, pois não deixariamos os alunos nas "mãos" de uma empresa não confiável.

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GLEICIELE 21/03/2023

Bom dia eu tenho 2 filho marticuldo nese curo faacq esta tendo aula des de novembro oque esta acontecedndo eu estou perdida eu ja paguei tudo so falta 3 parcela de 250 cada

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1 comentários