EUZIANY TEODORO
DO REPÓRTER MT
Após perseguir, emboscar e assassinar o casal Thays Machado, 44 anos, e Willian Moreno, 40 anos, o empresário Carlinhos Bezerra, filho do deputado federal Carlos Bezerra, alegou que teve uma crise neuropática, causada pelo quadro pré-existente de diabetes.
O RepórterMT consultou Irlan Calaça, capitão da Polícia Militar de Sergipe e instrutor de tiro, que conhece bem essa estratégia, que ficou amplamente conhecida nos Estados Unidos como “Estratégia Twinkie”.
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“Trata-se de uma pessoa acusada de duplo homicídio, que alegou na defesa que não existiu a premeditação para o crime, em virtude de ter sofrido com uma depressão, o que o levou a comer muito ‘junk food’, comer porcaria. E aí, pelo suposto excesso de açúcar causado pela questão da depressão, fez com que ele desenvolvesse um acesso de raiva e aquilo se desencadeou de maneira momentânea, não premeditada. A ideia da defesa foi essa e acabou funcionando, porque ele saiu do homicídio qualificado para um homicídio culposo”, explica Calaça.
Repórter MT

Capitão Calaça, da PMSE, é também instrutor de tiro
Para o militar, é possível que essa também seja a tese da defesa de Carlinhos Bezerra, no mínimo para reduzir a pena, diante de tantas qualificadoras no duplo homicídio cometido em Cuiabá.
“Ele pode tentar sair dessa questão da premeditação, que seria um duplo homicídio qualificado: sem chance de defesa, motivo torpe, emboscada e feminicídio. Então tem todas essas situações. Talvez a estratégia seja essa.”
Emoção versus capacidade de tiro
Um dos pontos surpreendentes no assassinato de Thays e Willian é que Carlinhos Bezerra disparou 13 vezes contra o casal e acertou pelo menos 6 tiros. Tudo isso sem descer do carro que dirigia e ainda em movimento.
Em vídeo ao qual o RepórterMT teve acesso, das câmeras de segurança do Edifício Solar Monet, é possível ver, inclusive, que em certo momento ele dá marcha-ré no Kwid que dirigia, para continuar o ataque, em plena luz do dia.
O capitão Calaça afirma ser “muito improvável” que ele realmente estivesse “sob violenta emoção” por ver a ex-mulher com outro namorado, como Bezerra alegou em depoimento.
“Entre os sintomas de uma alta carga estressora está a deterioração de performance motora. Em geral, a pessoa vai ter uma perda na qualidade das habilidades motoras finas e complexas. Geralmente é o que a gente precisa para utilização da arma de fogo, principalmente arma curta. Então a gente tem uma perda com relação ao que a gente teria em situação ideal, vamos dizer assim.”
“Entre os sintomas de uma alta carga estressora está a deterioração de performance motora. Em geral, a pessoa vai ter uma perda na qualidade das habilidades motoras finas e complexas.
Outro agravante é a interferência na percepção visual em uma situação de estresse agudo, que também prejudicaria a capacidade de tiro.
“A gente perde bastante a capacidade de focar em objetos próximos. Então fica difícil a correta utilização do sistema de mira da arma. A gente tem um achatamento do cristalino, por conta justamente da atuação da adrenalina. E a dilatação da pupila permite mais entrada de luz, mas o que não quer dizer que a pessoa enxergue melhor. Mas, principalmente por causa do achatamento do cristalino, a pessoa tem uma incapacidade de estar focando o sistema de mira da arma e acaba focando na ameaça, que é fonte do estresse”, explica.
“Eu diria que é improvável. Mas sobre ser possível, é possível, porque isso depende muito da distância também que ele estava nesses disparos. Qual era o movimento do veículo, se realmente, quando ele disparou, o veículo estava em movimento. Então tem uma série de parâmetros que não daria para eu falar sem entender exatamente como aconteceu e por não saber o histórico dele, de habilidade”, conclui o capitão.
A “estratégia Twinkie”
O caso americano é emblemático e começou em novembro de 1978, quando Dan White matou com disparos à queima-roupa o Prefeito de São Francisco, George Moscone, e o Supervisor Harvey Milk.
Ele foi preso e a surpresa aconteceu durante o julgamento, na estratégia de sua defesa, feita pelo advogado, Schmidt, que alegou “capacidade diminuída” do seu cliente para controlar seus impulsos, devido ao alto consumo de açúcar, devido ao quadro de depressão.
O argumento colou e o júri saiu de uma possível pena de morte para uma pena de oito anos, dos quais Dan White cumpriu apenas 5 e foi solto. O caso ficou conhecido como “Defesa Twinkie”, pois Twinkie é o nome de um famoso bolinho americano, rico em açúcar. Alguém usou o nome do doce em algum exemplo e a mídia gostou.
Saiba mais sobre isso na página do Capitão Calaça, no Instagram: https://www.instagram.com/fator3treinamento/
Junior silva 22/01/2023
Eu também acredito que ele estava com esse problema, eivado de um sentimento de posse, com premeditação do crime, com vontade louca de matar, por isso, ele deve ser enquadrado em todas as qualificadoras possíveis e impossíveis nesse crime. Uma sanha de matar que o criminoso desencadeou, não por doença, mas por pura maldade e sentimento de posse, deve ter a reprovação máxima dessa frágil justiça brasileira.
muito louco 21/01/2023
Cada casa é um caso e em Paises diferentes, não se pode igualar nada, até porque o assassino já vinha perseguindo a vitima há dias inclusive com ameaças de morte, pois tem registro de B.O contra o canalha, então se existir justiça, esse assassino deverá comer de marmita uns 50 anos pelo duplo homicidio com diabete e o que mais tiver.
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