REDAÇÃO
COM JN
O Jornal Nacional, da TV Globo, dessa quinta-feira (17), repercutiu a fala homofóbica do padre Paulo Antônio Müller, da paróquia da cidade de Tapurah, contra o repórter Erick Rianelli ao marido dele, o também repórter Pedro Figueiredo.
O jornal afirmou que no fim de semana passado, quando se comemorava o Dia dos Namorados, viralizou na internet uma declaração do repórter Erick ao marido dele. Originalmente, a declaração tinha ido ao ar no ano passado. Mas, ao voltar a circular, provocou ataques homofóbicos aos dois jornalistas da Globo, e também um movimento solidário de apoio nas redes.
A declaração foi durante o Bom Dia Rio no dia 12 de junho do ano passado: “Pedro Figueiredo, meu amor, meu marido, eu te amo. Feliz Dia dos Namorados para gente e para todos os casais apaixonados que estão nos assistindo. Que todo mundo tenha um Dia dos Namorados maravilhoso.”
No mesmo jornal, outros repórteres também fizeram declarações para maridos, esposas e namoradas.
Quando o vídeo voltou a circular, surgiram os ataques homofóbicos por Alexandre Geleia, dono de uma lanchonete em Brasília, e por um padre de Mato Grosso.
Durante a missa do último domingo (13), o padre Paulo Antônio Müller, da paróquia da cidade de Tapurah, usou o momento do sermão para fazer ataques. A cerimônia era transmitida pelas redes sociais da paróquia.
“Desculpa, dois viados. Um repórter e um viadinho, chamado Pedrinho.’Prepara meu almoço, tô chegando, tô com saudade’. Ridículo. Que chamem a união de dois viados, duas lésbicas, como querem, mas não de casamento, por favor”, disse o padre.
O Ministério Público do estado de Mato Grosso abriu uma investigação para apurar o caso e informou que as declarações do padre extrapolaram a liberdade religiosa e que podem resultar em medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido.
Depois dos ataques, muitas demonstrações de solidariedade nas redes sociais. O padre Júlio Lancellotti fez uma publicação em que lembrou que homofobia é crime.
Fabi, campeã olímpica de vôlei, também se manifestou, assim como lideranças sociais e ativistas LGBT.
A Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos da Assembleia Legislativa do Rio, presidida pelo deputado Carlos Minc, do PSB, aprovou uma moção de solidariedade aos repórteres e de repúdio contra as declarações.
O deputado Márcio Pacheco, do PSC, cantor e compositor católico, também se manifestou: “Ofende o direito das pessoas de se relacionarem com afetividade. É direito. E o amor sempre vence. E repudio as palavras que eu não quero repeti-las aqui, tão agressivas, as quais não remontam ao direito à cidadania e muito menos o direito à fé.”
O Jornal Nacional procurou o padre Paulo Antônio Müller, mas não teve resposta.
Nós pedimos um posicionamento ao empresário Alexandre Geleia. O grupo Geleia Burger declarou que está apurando o real contexto das mensagens, que comportamentos ilegais e antiéticos de envolvidos não correspondem aos valores da empresa e dos demais sócios e que acredita no amor de todas as formas.
A TV Globo se solidariza com Erick Rianelli e Pedro Figueiredo, reafirma seu compromisso com a diversidade e repudia veementemente toda forma de preconceito.