GALILEU
Cientistas sugerem que as temperaturas cada vez maiores do mundo, provocadas pelo aquecimento global, podem reduzir a produção de espermatozoides pelos homens. A indicação foi feita após um estudo com besouros castanhos (Tribolium castaneum).
Matt Gage, ecologista da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, afirmou que os besouros foram usados porque são uma das espécies mais comuns do planeta. “Esses resultados são muito importantes para entender como as espécies reagem à mudança climática. Sabemos que a biodiversidade está sofrendo, mas as causas específicas e as sensibilidades são difíceis de definir", disse ele em entrevista ao jornal The Independent. "Mostramos neste trabalho que a função do esperma é sensível quando o ambiente aquece."
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Na pesquisa, os besouros foram submetidos a condições de controle e uma "onda de calor" de 13 graus acima da temperatura típica que durou cinco dias. Publicado na revista Nature Communications, o estudo mostrou que o aquecimento prejudicou a reprodução masculina, mas não a feminina.
A onda de calor sucessiva quase esterilizou os besouros machos. Segundo o Centro Médico da Universidade de Rochester, para que possam ser criados espermatozoides viáveis, a temperatura exterior dos testículos tem que ser mais fria do que internamente.
De acordo com os pesquisadores, o besouro macho que foi capaz de produzir espermatozoides em uma temperatura mais alta teve descendentes que viveram menos tempo do que a média.
“Pesquisas também mostraram que o choque térmico pode prejudicar a reprodução masculina em animais de sangue quente, e trabalhos anteriores mostraram que isso leva à infertilidade em mamíferos", informou o especialista Kris Sales. "Nossa pesquisa mostra que as ondas de calor reduzem pela metade a capacidade reprodutiva masculina, e foi surpreendente consistente."