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Cuiabá, 12 de Novembro de 2025
12 de Novembro de 2025

12 de Novembro de 2025, 11h:05 - A | A

POLÍTICA / CASO DE HORROR

Justiça de MT libera nova licitação no Hospital Municipal de Cuiabá após denúncias de sujeira e baratas na comida

Condições precárias nas intalações da Nutrana Ltda. fez a Empresa Cuiabana de Saúde Pública revogar o contrato.

VANESSA MORENO
DO REPÓRTERMT



A Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) autorizou a Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP) a realizar uma nova licitação para contratação de serviços de produção e distribuição de refeições e dietas hospitalares no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) após a constatação de uma série de irregularidades. A situação foi descrita como um caso “assombroso” de “horror” e “imundície” em que até baratas chegaram a ser encontradas em meio ao arroz servido no hospital pela empresa Nutrana Ltda., contratada em 2021 para prestar os serviços. Após a revogação do processo licitatório a Nutrana entrou com mandado de segurança para tentar impedir a contratação de outra empresa, mas o pedido foi negado pela Justiça.

De acordo com o voto do desembargador Rodrigo Roberto Curvo, relator do processo, a revogação da licitação é uma decisão administrativa, e o Judiciário não deve interferir, a menos que haja ilegalidade.

“Assim, não há que se falar em violação ao contraditório ou à ampla defesa, porquanto não se trata de procedimento sancionatório ou anulação por ilegalidade, mas sim de revogação por conveniência administrativa. A interferência judicial, nos limites aqui enfrentados, implica em grave restrição à autonomia administrativa e compromete os princípios constitucionais da separação dos poderes e da legalidade dos atos discricionários da Administração Pública”, diz trecho do voto, que foi seguido por unanimidade pelos demais membros da Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo do TJMT.

A Nutrana, que está em processo de recuperação judicial, foi contratada por meio de um pregão eletrônico em junho de 2021 para fornecer refeições no HMC. Em junho do ano passado, o então diretor da ECSP, Giovani Valar Koch, revogou a licitação, o que motivou a empresa a pedir na Justiça a suspensão da revogação.

No mandado de segurança, a Nutrana alegou que a licitação foi suspensa sem respaldo legal e que, após a intervenção estadual na Saúde da Capital, teve o contrato restabelecido. Com o fim da intervenção, a nova gestão da ECSP, assumida em janeiro, teria criado obstáculos à execução do contrato, revogando novamente a licitação.

Além disso, a empresa afirmou que foi impedida de acessar documentos do processo licitatório e pediu a suspensão da revogação, de modo a impedir a abertura de uma nova licitação.

Inicialmente, o Juízo da 5ª Vara Especializada de Fazenda Pública da Comarca de Cuiabá havia atendido aos pedidos da Nutrana. No entanto, a Empresa Cuiabana de Saúde Pública recorreu ao TJ, alegando que sua sede sofreu um incidente e perdeu o servidor de dados por 60 dias, mas que, após o restabelecimento, disponibilizou a íntegra da licitação à Nutrana.

A ECSP também informou que, após reclamações de pacientes, acompanhantes e funcionários, instaurou uma sindicância para apurar supostas irregularidades da empresa na prestação de serviços no HMC e constatou condições precárias nas instalações da Nutrana.

Ainda de acordo com a ECSP, a revogação da licitação foi necessária e, por isso, pediu a revogação da liminar que suspendeu a realização de uma nova licitação. pedido que foi atendido pelo TJ.

Os contratos com a Nutrana já custaram mais de R$ 10 milhões aos cofres da Prefeitura de Cuiabá.

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