O mundo digital mudou a realidade. Com a facilidade na aquisição dos micros computadores, desde a década de 90 no Brasil, a chegada dos laptops, e a eclosão da internet, o que se vive são outros tempos.
Sendo imprescindível o cenário digital, a prevenção aos riscos deve ser premissa. Inicialmente somente bônus eram vislumbrados. A Microsoft efetivou, no ano de 2017, um apanhado analisando os comportamentos cibernéticos em 23 países.
Foram alvos das entrevistas 11.600 pessoas, entre jovens e adultos de 13 a 74 anos. Cada país contou com, pelo menos, 500 entrevistados e entrevistadas.
A Telecommunications Research Group detectou para a Microsoft Corporation que o Brasil se encontra em 13º colocado no que diz respeito à exposição aos riscos, contando com o índice de cidadania digital em 71%.
Dos casos detectados, 30% das vítimas dos crimes tinham contato pessoal com o algoz. As solicitações envolvendo sexo aparecem em segundo lugar. Alguns afirmaram ter sofrido fraude.
Os resultados ficaram assim: contatos indesejados (51%); solicitações sexuais (23%); fraudes (21%); recebimento de mensagens sexuais indesejadas (21%); e assédio online não sexual (20%). Foi apontada faixa etária de 18 a 34 anos como a de maior exposição ao risco, com 81%, estando a "terra brasilis" com o segundo maior índice do mundo.
Existe a elucubração de que os chamados jovens millenials cresceram em ambiente digital, não temendo aos males causados com a falta de precaução. Os púberes, no percentual aproximado de 23%, mesmo com tantos fatos noticiados, não se amedrontam.
As mulheres, 65%, mencionaram algum tipo de abuso, contra 58% dos homens. As piores formas de assédio foram relatadas pelo gênero feminino. O levantamento mostrou que elas são 10% mais propensas a perder a confiança no ambiente off-line. As jovens, com estimativa aproximada de 39%, apresentaram depressão após os casos de assédio digital.
Existe o reverso da moeda, pois, 82% dos entrevistados e entrevistados no país demonstrou preocupação em tratar os outros com respeito e dignidade, versus 71% da média global.
A preocupação gira em torno da confiança que os pesquisados e pesquisadas possuem em gerenciar os riscos online, 55%. Outros 46%, afirmaram saber buscar ajuda em caso de necessidade.
As consequências são precisas: 47% começaram a confiar menos em outras pessoas online; 34% começaram a confiar menos em outras pessoas off-line; 32% tentou ser mais construtivo nas críticas às outras pessoas; 29% perdeu o sono; 25% apresentou menor desejo de participar de redes sociais; 23% tornaram-se depressivos ou depressivas; 23% a vida se tornou mais estressante; 23% perdeu amigo ou amiga; 22% investiu tempo e energia evitando o agressor; 13% teve impacto no desempenho escolar.
Quanto aos agressores e agressoras: 30% são da família, amigos ou conhecidos; 27% conhecidos apenas do mundo virtual; e, 35% estranhos.
As liminares são eficazes de forma imediata. E aqueles e aquelas que fazem uso do "print", enviando a figura ou comentário para outros lugares? Será possível imaginar quantas liminares seria preciso?
A conscientização sobre a problemática foi maior entre as mulheres. Das entrevistadas, 88%, afirmaram raciocinar antes de responder a conversas. Entre 50 a 74 anos, 92% afirmam tratar pessoas com civilidade no ambiente online.
Para as mulheres, um crime cibernético possui devastação maior. O papel tão criticado, mas representado pelo gênero feminino, expõe a situações que as constrange e humilha de maneira mais efusiva.
A mídia noticia o grande número de meninas e mulheres que, devastadas pela exposição, optam pelo suicídio...
ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual.