RAONI RICCI
Pior que ta num fica né? Sei, conversa fiada. O recém criado Colégio de Líderes da Câmara Municipal é uma piada de muito mau gosto. Tentando acabar com a crise política os vereadores decidiram se reunir para fazer uma espécie de gestão conjunta. Na teoria, é o presidente João Emanuel (PSD) abrindo espaço para que todos participem da administração do Legislativo. Na prática, é a base aliada ao prefeito Mauro Mendes (PSB) ganhado força e uma prerrogativa valiosa, a da caneta.
Na ânsia de apaziguar os ânimos, de garantir seu mandato, o presidente decidiu correr o risco e perdeu. O espaço aberto não se recupera mais e agora suas decisões precisam passar por uma espécie de crivo. E pior. Está refém de imposições que vão gerar muito desgaste agora e no futuro.
Partícipe da gestão, a base fez um levantamento detalhado das contas do Legislativo e constatou: vai faltar grana. Melou. No papo reto, ninguém acreditava que o poder não tinha condições de pagar a preciosa verba indenizatória. Agora a história é outra. Apareceu estudo de tudo quanto é lado, provando isso ou aquilo e encontraram a solução.
Liderados pelo vereador Chico 2000 (PR), fazendo de tudo para garantir suas indenizações, os vereadores vão demitir seus funcionários. A primeira vítima, injustamente, foi Cido Alves, exonerado da Secretaria Geral a pedido do grupo dos 17. Agora, a mesa diretora vai reduzir de 10 para 5 o número de secretarias. Dentre as que estão na corda bamba, destaque para a Comunicação, que merece um comentário a parte.
Nem no pior pesadelo era possível vislumbrar uma gestão pior que a passada, que imortalizou o apelido de “Casa dos Horrores”. A eleição de João Emanuel, candidato contrário ao prefeito, sinalizava que o parlamento poderia ser mais independente, menos presépio, mais atento, menos cúmplice. E foi justamente o que aconteceu nos primeiros 100 dias de gestão.
Com esse conceito, a secretaria de Comunicação, sob o jornalista Luiz Acosta, conseguiu começar a resgatar a imagem daquela casa perante os veículos e a sociedade em geral. A divulgação dessa nova agenda fazia muito bem, mas bastaram duas semanas de política para acabar com 100 dias de trabalho técnico. Agora a culpa é da comunicação? Vereador Chico 2000, quem não se comunica se trumbica. Também não pode se comunicar demais, as paredes têm ouvidos.
O servidor público, comissionado ou não, é, ao contrário do que pensa a maioria, a peça mais importante das administrações. Ele precisa ser valorizado e não sacrificado. Mas para alguns vereadores não, é ao contrário. A conta, salgada e famigerada, está sobrando nas costas de mais de 100 servidores, parte deles pais de família, que vão ficar desempregados no momento mais importante do ano. Tudo para garantir que o natal de alguns vereadores seja bem mais gordo. “O servidor que se phoda”, né vereador?!
Jingle Bells, merry christmas!
Raoni Ricci é jornalista em Cuiabá