O poeta pernambucano Manuel Bandeira, autor do poema “Pasárgada”, desabafou num dia qualquer de sua vida: “Vou-me embora pra Pasárgada
“Vou-me embora pra Pasárgada. Aqui eu não sou feliz. Lá a existência é uma aventura. (...) lá sou amigo do rei”
Bandeira explica: “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”.
Nas eleições de 2018 no Brasil e em Mato Grosso sinto vontade de me mudar pra Pasárgada. Tanta confusão aqui. O rei daqui reina sem ser rei. O rei que virá não sabe se reinará...
O reinado daqui está perdido no mar de tempestades. O vento sopra ventos de tempestades que virão muito mais fortes nesses meses próximos e nos anos pra frente. O navio perdeu as velas.
Capitães, imediatos, marinheiros de todas as patentes não conhecem a direção do barco. Sabe-se que veleja. Não há quem pilote.
Nesses dias recentes e nos próximos muitas ondas altas e poucos marinheiros experientes pra conduzir o barco que leva 3.300 mil mato-grossenses ansiosos e frustrados.
O leitor deve estar pensando que estou filosofando sobre o nada. Na verdade, não!
Falo do futuro imediato que as eleições de 2018 trarão e que parecem tão distantes da realidade vivida por todos nós. Quem quer poder pra governar? Poucos. Quem quer o poder pra governar o futuro de todos nós? Tão difícil encontrar.
Gosto do título do filme de 1986 do diretor Federico Fellini: “La Nave Va”. O filme é a metáfora de um barco cheio de celebridades e de vaidades num velório no mar...
ONOFRE RIBEIRO É jornalista em Cuiabá