FOLHA DO ESTADO
A Usina Termelétrica Mário Covas, em Cuiabá, começa a produzir hoje energia elétrica direcionada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou ontem que a usina comece a operar com sua capacidade máxima – 480 MW/h – para garantir a estabilidade energética em Mato Grosso e evitar interrupções no fornecimento. Com o período de seca, iniciado no fim de julho, os reservatórios nacionais estão mais baixos, o que levou o ONS a pedir o funcionamento imediato da térmica mato-grossense, que trabalha à base de gás natural proveniente da Bolívia. As informações são da Empresa Pantanal Energia (EPE), que administra a termelétrica, e do governo do Estado. Ao longo deste ano o ONS já solicitou a operação da Térmica Cuiabá por várias vezes.
Apesar desse aporte, a regularidade de geração energética pela termelétrica continuará atrelada a novos pedidos semanais do ONS. Para gerar 480 MW, são consumidos 2,2 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. O empreendimento é o maior no segmento industrial no Estado. No total, Mato Grosso tem 1,1 milhão de consumidores de energia.
CENÁRIO
De acordo com o presidente da EPE, Fábio Garcia, atualmente as hidrelétricas têm um volume de água considerado “confortável” e, por isso, são as principais fontes de produção de energia do país. Porém, a seca provocou uma queda nos níveis dos reservatórios do Sul e do Nordeste do Brasil, o que levou o ONS a solicitar a capacidade máxima da usina em Cuiabá. “Essa medida, tomada pelo ONS visa garantir a segurança energética”, garantiu. “Com a termelétrica em funcionamento deverão ser armazenadas águas nos reservatórios do país, cujo nível está baixo”, declarou.
Segundo o gerente de operação de sistema da Cemat, Teomar Magri, a operação da térmica é importante para o Estado sob vários aspectos, principalmente por garantir a segurança energética dos municípios. Durante a seca, Mato Grosso chega a consumir em média 40% a mais de energia do que no período de cheias. Nos meses de agosto, setembro e outubro os reservatórios das hidrelétricas são afetados. No período, a produção total estadual que é de 1.500 MW/h, em média, para um consumo médio de 1.000 MW, chega a reduzir em até 60%. A média energética produzida pelas hidrelétricas nesse intervalo atinge 800 MW, enquanto o consumo alcança 1.400 MW/h, explica Magri. “Diante desse cenário, a Térmica Cuiabá é importante para garantir a segurança energética no Estado e também do país. Como os níveis nacionais também baixaram, foi solicitada a produção total da térmica para o SIN”, explica.
TÉRMICA
A usina é considerada o maior empreendimento privado de Mato Grosso, sendo avaliada em R$ 1,5 bilhão e tem capacidade de geração de 480 MW, volume que corresponde a quase 50% da demanda total de energia do Estado. A Petrobras detém a concessão da distribuição do gás natural ao Estado proveniente da Bolívia pelo período de dois anos. O contrato de arrendamento da térmica pela estatal foi amarrado no ano passado para tornar possível a retomada da termelétrica que estava paralisada desde 2007 devido à suspensão do fornecimento do produto pelo país vizinho.