facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 24 de Maio de 2025
24 de Maio de 2025

19 de Outubro de 2012, 14h:43 - A | A

NACIONAL / TORCIDA ORGANIZADA

Lei permite que torcedores violentos frequentem estádios no Brasil

Segundo a lei, a CBF e as federações teriam obrigação de divulgar em seus sites e na porta dos estádios os nomes de pessoas impedidas de entrar como uma das medidas para conter a violência.

R7



Quase dez anos após a promulgação do Estatuto do Torcedor e a menos de dois anos da Copa do Mundo de 2014, os torcedores violentos ainda podem frequentar os estádios de futebol no Brasil. Algumas das principais medidas para afastar os bandidos das arenas do País se mostraram ineficazes neste período segundo policias e os próprios criadores do Estatuto.



Uma delas diz respeito aos torcedores que se envolvem em confusão em partidas de campeonatos nacionais e estaduais no Brasil. Segundo a lei, a CBF e as federações teriam obrigação de divulgar em seus sites e na porta dos estádios os nomes de pessoas impedidas de entrar como uma das medidas para conter a violência.
 

>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão


Essa medida, porém, se mostra ineficaz. Não é exigida nenhuma identificação dos torcedores para entrar nos estádios. Mesmo a divulgação desses nomes é feita de forma desorganizada nos sites das entidades.
 


A reportagem do R7 conferiu que a lista dos torcedores proibidos não costuma ser fixada em nenhum portão do estádio. Na partida entre Corinthians e Flamengo, jogada no Pacaembu em setembro, os próprios policiais admitiram que isso não acontece.
 


Para o coordenador do grupo responsável pela criação do Estatuto do Torcedor, José Luiz Portella, esse sistema é ineficaz e diferente do sugerido na criação da lei e modificado no Congresso. 
 


- Deveria ter, mas esse não foi o projeto original. O sistema deveria ser simples como na Inglaterra que a pessoa tem de se apresentar na delegacia. E nesse caso não precisa publicar lista nenhuma.

 

Para Portella, a responsabilidade sobre a organização do Brasileirão é da CBF, que delega poderes para as federações até como forma de 'fugir' da culpa em caso de problemas.

 

- A CBF é a dona do Brasileirão, mas ela delega a função para as federações. Está claro lá que o fato de delegar para alguém não exime a responsabilidade.
 


A Polícia Militar também não consegue garantir em 100% que um torcedor proibido entre no estádio. O tenente-coronel Marçal Ricardo Razuk explicou que existe grande chance de os torcedores serem barrados, mas isso quase não acontece.

 

- Não existe uma forma de saber com 100% de certeza, mas conseguimos identificar a maioria porque já conhecemos os torcedores pelo tempo que lidamos com eles. O índice chega a 90% de chances de acerto.
 

 
Comandante da partida entre corintianos e flamenguistas, o policial afirmou que os anos de experiência ajudam a reconhecer quando as pessoas são figuras carimbadas das grandes torcidas paulistanas e do Santos, mas que o trabalho fica mais difícil no caso de pessoas vinda do interior, por exemplo.

 

- Quando sai desse universo fica mais difícil. Por exemplo, um torcedor do Guarani, se não for figura marcada, fica difícil o reconhecimento.
 


Outro membro do grupo criador do Estatuto do Torcedor, o advogado José Luiz Mansur aponta como caminho a adoção do modelo inglês, com o torcedor tendo de ir na delegacia em dia de jogos de seu time.
 


- O que tem de se buscar é o objetivo que o torcedor tenha de ir à delegacia uma hora antes e uma hora depois do jogo, pois já foi provado no exterior que é o meio eficaz para conter a violência.
 


O promotor de Justiça Thales Cezar de Oliveira explica que as punições administrativas das federações têm pouca eficácia no combate aos torcedores violentos. Mais efetiva é a ação dos Juizados Especiais Criminais, que costumam ser instalados nos estádios apenas em dia de clássico.
 


- Aquele torcedor punido no Jecrim (Juizado Especial de Crimes), nós temos condições de controlá-lo porque ele assume uma obrigação de comparecer a uma delegacia nos horários dos jogos. Porém não conseguimos fazer o mesmo com os torcedores punidos administrativamente pela Federação Paulista, pois as pessoas não são obrigadas a se identificar para entrar no estádio.



Outro problema é a falta de uniformidade na divulgação desses nomes. Poucos nomes e apenas da Federação Carioca constam do site da CBF. No site da Federação Paulista, existem 43 torcedores proibidos, mas nenhum deles está na listagem da maior entidade do futebol.
 


Coincidentemente, após o início da apuração mais nomes de torcedores cariocas foram adicionados à lista da CBF.



Apesar de todas as críticas, ainda existe quem aprova o método descrito no Estatuto do Torcedor. Coronel Marinho, que por muito tempo foi o responsável pela segurança nos estádios paulistas prefere que o torcedor assuma a responsabilidade sobre sua ida ou não ao estádio, mesmo estando proibido.

 

- Eu acho que temos de transferir responsabilidade para as pessoas. Elas podem arriscar aparecer, mas se for descoberto, pode cumprir uma pena maior. Sempre tem o risco de se envolver em uma briga.

Comente esta notícia