facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 25 de Abril de 2024
25 de Abril de 2024

15 de Novembro de 2011, 15h:25 - A | A

CIDADES / IRREGULAR

Bimotor que caiu em Poconé não tinha autorização para voar

A GAZETA



 

A aeronave modelo Cessna 210 N não tinha permissão para voar no Brasil e estava em processo de regularização junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, em tese, não poderia sair do solo. O bimotor caiu no último sábado (12) em Poconé (104 km ao sul da Capital) matando 4 pessoas.


O voo, que culminou na morte do fazendeiro Vagner Martins, 46, proprietário do bimotor, seu filho Thiago Martins, 27, e dos mecânicos Alcindo Bernardo Fogaça e Adeusdete Luiz Barbosa, 50, só foi feito porque não existe controle de solo no aeroporto do município, de onde a aeronave decolou.


No site da Anac, onde é possível consultar andamentos de processos de aeronaves, não foi possível encontrar o registro do bimotor, nem pelo número de série e tampouco pelo da matrícula do avião.


Alcindo e Adeusdete trabalhavam em uma empresa de táxi aéreo e foram até a fazenda de Vagner, em Poconé, para realizar uma verificação de rotina na aeronave, conhecida como “inspeção de 50 horas”, que analisa as velas, faz a troca de óleo do motor e outros procedimentos simples, que não possuem qualquer implicação com a segurança da aeronave. A troca de qualquer componente do motor, por exemplo, só poderia ter sido feita em uma oficina credenciada pela Anac.


Os 2 mecânicos são considerados por aviadores de Mato Grosso como grandes profissionais, experientes e capacitados. Exatamente por isso é que Vagner, sempre preocupado com a questão da segurança, havia os contratado. “É uma perda muito grande para a aviação de toda a região”, afirmou um aviador que preferiu não ser identificado. A Polícia Civil já informou que o proprietário da aeronave era habilitado.


A aeronave foi comprada nos Estados Unidos e descredenciada no órgão que regula a aviação de lá em março deste ano. Fabricada em 1984 e com capacidade para 6 passageiros, pertencia a uma empresa com sede na Flórida, antes de ser comprada pelo fazendeiro.


Nesta segunda-feira (14), uma equipe do Departamento de Aviação Civil (DAC) esteve no local do acidente, região de mata fechada a 11 quilômetros do aeroporto. Os peritos colheram informações que vão ajudar a esclarecer as causas da queda. Os primeiros laudos serão divulgados em, no mínimo, 30 dias. Paralelo a isto, a Polícia Civil já instaurou inquérito para investigar o desastre aéreo. Peritos estiveram na região e emitirão laudos que vão auxiliar o delegado da cidade, Rodrigo Bastos da Silva, na condução do caso.


Velórios - Dor e saudade marcaram a despedida do fazendeiro Vagner Martins, 46, e do seu filho Thiago Martins, 27, na tarde desta segundafeira (14) em Cuiabá. No velório, mais de 200 pessoas entre amigos e parentes foram dar adeus aos 2. A família, ainda abalada pela perda, preferiu não conversar com a reportagem.


Amigos do fazendeiro, que pilotava a aeronave no momento do acidente, afirmaram que se tratava de um piloto experiente e bastante preocupado com a segurança das duas aeronaves que possuía. “Ele tinha mais horas de voo do que dirigindo carro”, resumiu um amigo da família que não quis ser identificado.


O funeral de Adeusdete também registrou grande número de amigos e familiares, em Várzea Grande. Já Alcindo teve o corpo levado por parentes para São Paulo, onde foi sepultado. Os 4 corpos foram liberados neste domingo (13), após reconhecimento por meio de arcada dentária.

Comente esta notícia